segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Grito dos Excluídos - convite

     Convidamos os movimentos sociais, entidades e os moradores (as) de Londrina e região a participarem da reunião organizativa para o Grito dos Excluidos de Londrina.
 
Local:Centro de Pastoral
Endereço:Rua Dom Bosco,145
Horário: 19:30 hs
Data:29/08/2011/segunda-feira.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eles entraram atirando: Violência policial contra jovens em Maringá

Anistia internacional no documento intitulado Brasil: Eles entram atirando: Polici-amento em comunidades so-cialmente alertou que os ex-cessos da policial nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo se repetem em diversas cida-des brasileiras.

Segundo o documento, a maioria das vítimas da vio-lência policial era constituída de jovens pobres, negros ou mestiços; muitos dos quais não possuíam antecedente criminal. Dos 17.900 jovens que foram assassinados pela polícia no ano 2002, 11.308 eram negros e pobres.

Em maio de 2005, uma pes-quisa realizada pela Univer-sidade Federal Fluminense demonstrou que 30% da po-pulação defendia a idéia de que “bandido bom é bandido morto”. Em abril de 2005, Marcelo Itagiba, então Secre-tário de Estado da Segurança Pública do Rio de Janeiro, declarou que: “Se a polícia fosse mais ativa mataria mais bandidos”.

Esse pano fundo, não difere da realidade de Maringá; on-de no dia 24 de Agosto de 2011, haverá júri popular para julgar os policiais que exe-cutam o menino Rodrigo Sa-les, morador do bairro Santa Felicidade.

O que fundamentou a “opera-ção policial” no dia 24 de A-bril de 2004, foi a acusação de que ele havia roubado a bolsa de uma pessoa; mas, a autoria do roubo jamais foi comprovada. Rodrigo, que passava por tratamento para livrar-se da dependência química, estava sozinho quando a polícia cercou sua residência. Desesperado e sem assistência de mãe que estava trabalhando fugiu, pu-lando de casa em casa, até chegar na penúltima residên-cia da rua, onde pediu para se esconder. Mas, logo após a polícia, invadiu o esconderijo.

Em depoimento, testemunhas e a senhora que o escondeu disseram que a “operação” envolveu mais de 15 policiais militares e que o menino es-tava apenas de calção, sem chinelos e que não portava nenhum tipo de arma.

Os policiais encontraram-no debaixo de uma cama, total-mente indefeso e sem qual-quer possibilidade de resistir à prisão. Mesmo assim, o e-xecutaram com 5 tiros a queima roupa. Outros tiros não o atingiram, mas, ficaram registrados nas paredes e nos móveis da casa.

Associação das Mães de Ví-timas da Violência: Justiça e Paz, possui as fotos de como ficou o corpo de Rodrigo Sa-les. Não é possível para qual-quer pai e mãe não ficar es-tarrecido com as imagens dessa execução.

Segundo a professora de di-reito penal Solange Paiva, que viu a cena do crime e tentou impedir que as evidências da execução fossem apagadas: “A casa ficou cheia de sangue; tinha marcas das mãos dele com sangue no teto e nas paredes. Cenas de ter-ror: dentes dele espalhados desde o quarto até a porta de entrada, pedaço da orelha, cérebro e do corpo; enfim a reprodução do que faziam com presos políticos no regi-me militar…”

“Ele era um dos meninos que já estavam marcados para morrer pela polícia de Marin-gá. Outros que morreram após ele, foram ‘intitulados’ de vitimas do tráfico”, afirma a mãe de Rodrigo. Todavia, as circunstâncias duvidosas da morte desses outros jovens serviram de desafio para a formação da ONG - Associa-ção das Mães de Vítimas da Violência: Justiça e Paz”.

A ONG recebe apoio de pa-rentes, amigos das vítimas e de indivíduos da sociedade que defendem a punição dos policiais que executaram o menino Rodrigo Sales com requintes de crueldade.

O Júri será no dia 24 de agos-to no Fórum Estadual de Ma-ringá - Avenida Tiradentes 380; com início às 8:30h e será aberto ao público.

Esta farda que com honra envergamos; Orgulhosos das missões consagradas; Repre-senta a paz que preserva-mos... - Trecho da canção 10 de Agosto que enaltece a Po-lícia Militar do Paraná.

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Maria Newnum é pedagoga e colu-nista do Jornal de Maringá.

CONSELHO DA UEL VOTA SISTEMA DE COTAS






Neste ano de 2011 , após 123 anos da abolição, a população negra luta pela liberdade e cidadania. Depois da África, o Brasil é o país que concentra a maior população negra do mundo e também onde esta população ocupa a mais baixa localização na pirâmide social.
No território brasileiro, tem cor a população que é mais duramente atingida pelo desmonte das políticas sociais e de saúde, pelos sistemas de controle populacional, pelo desemprego crônico, pela fome e a violência do latifúndio, do aparato policial e dos grupos de extermínio. São a maioria dos analfabetos, dos menores salários, nas prisões, nas favelas e nos subempregos e são minoria nas faculdades, entre os empresários, os heróis reconhecidos, os governantes, os bispos, generais, almirantes, brigadeiros e na mídia.
Segundo o IBGE de 1996 a taxa de mortalidade entre crianças negras e pardas no Brasil é dois terços superior à da população branca da mesma idade. No IBGE de 1997, 18% da população brasileira é analfabeta, sendo que entre os negros este percentual sobe para 35,5%, enquanto na população branca é de 15%. No outro extremo, 4,2% dos brancos e apenas 1,4% dos negros haviam alcançado o ensino superior. Em todos os níveis educacionais, a participação do segmento branco é nitidamente superior à do segmento negro. Essa desigualdade reflete-se no acesso ao emprego, aos serviços, aos direitos mínimos de cidadania e na participação efetiva na vida social brasileira.
O número de professores universitários e pesquisadores oriundos desta população, credenciados em instituições de amparo à pesquisa é ínfimo no Brasil.
Então precisamos refletir sobre o cenário social e racial das universidades públicas brasileiras, e apontar caminhos para que nossa juventude negra não continue tendo suas vidas ceifadas pela violência social e racial. As Cotas são um destes caminhos.
Neste dia 26, dia histórico no Brasil, o Conselho Universitário da Universidade Estadual de Londrina deu um passo essencial na construção de uma sociedade mais igualitária, se reunindo para avaliar o Sistema de Cotas da Universidade Estadual de Londrina e com 26 votos dos 41 conselheiros definiu pela continuidade do sistema além do fim da proporcionalidade , ou seja, não depende mais dos números de inscritos nos vestibulares e se referem especificamente as vagas, ou seja , todos os cursos deverão reservar 40% das vagas para estudantes da escola pública, além de que, destas, 20% serão destinadas a estudantes negros(as) de escola pública.

O Centro de Direitos Humanos de Londrina, bem como o Movimento Nacional de Direitos Humanos esteve presente no anfiteatro da universidade, bem como tem acompanhado este debate em termos de Brasil pois entende que Cotas para esta população é um dos elementos que trás visibilidade para a mesma e contribui na formação de um Brasil mais humanizado. Onde o sistema de cotas está, jovens oriundos de escola públicas e negros(as) estão usufruindo de um direito que é de todas as pessoas, o direito a produção do conhecimento científico, e aquisição do mesmo, produzido pela humanidade.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Juventude não quer só comida quer também 10% do PIB para Educação

Patrick Baptista *


"Sou a favor da escolaridade e da merenda. e da merenda!" (molungo)

A educação no Brasil historicamente tem sido um privilégio de uma pequena parcela (rica) da população brasileira. É recente em nossa história a frequência das classes populares aos bancos escolares. A lógica sempre funcionou da seguinte forma: existem uns que nascem para pensar, e aí mandar; e outros para trabalhar, e então obedecer.

A universalização do ensino público não garantiu a permanência dos trabalhadores e de seus filhos nas escolas, que em muitos casos foram obrigados a deixar de estudar para contribuir com a renda familiar. Programas como o Bolsa Família e o de combate a miséria no país evidenciam o esforço da sociedade brasileira em resolver a problemática. Assistimos os avanços que o Brasil teve nos últimos anos. No entanto, essa problemática está longe de ser sanada, pois não é apenas a permanência de crianças nas escolas que resolverá o problema do déficit educacional. A juventude cada vez mais vem sendo alijada do direito à educação, pois compartilha do mesmo problema. Programas como o Projovem miniminizam o problema, mas está longe de atingir a maior parte de jovens que evadem das escolas para trabalhar.

Outro grave problema é a desvalorização dos educadores, que a cada dia se tornam sinônimo de atividade profissional que passa longe dos sonhos da juventude brasileira. Isso porque os baixos salários, inadequadas condições de trabalho e perspectiva de ascensão na carreira incerta levam ao desestímulo e constante processo de precarização da profissão e carreira docente.

Por isso, a juventude brasileira luta para que de toda a riqueza produzida nesse país (PIB) seja investido dez por cento na educação.

Queremos garantir, através dos 10% do PIB para a educação, não apenas o direito da juventude estudar, mas estudar mais e com qualidade, garantindo o acesso e a permanência da juventude no sistema educacional, com assistência estudantil.

É por 10% do PIB que queremos que a profissão de educador esteja novamente nos sonhos da juventude, que seja uma profissão respeitada com salário decente, um plano de cargos e carreiras motivador. Com salas de aulas preparadas, com recursos adequados e ferramentas apropriadas à prática docente e não salas de aulas cada vez mais lotadas.

E por fim queremos 10% do PIB para educação para que cada vez mais possamos diminuir a distância entre pobres e ricos e que as oportunidades sejam equitativas entre a juventude brasileira.

Mais e melhor educação para todos e todas é pelo que a Juventude CUTista luta.



* Patrick Baptista é secretário de Juventude da CUT-PR.

Politicas afirmativas e o fim da exclusão

       Quando se discute na comunidade a valorização das políticas afirmativas os movimentos sociais sai em defesa  destas políticas, pois sem as mesmas as injustiças sociais deixam de ser resolvidas, pra além disto as responsabilidades pelas atrocidades cometidas pela humanidade por lideres mundiais, devem ser assumidas pela humanidade.
       As politicas afirmativas em nosso país são a base para o rompimento com a exclusão social, a criação do sistema de cotas tanto para estudantes negros como para estudantes da escola pública continua sendo o minimo para recuperar todas as atrocidades que a humanidade cometeu com pessoas abusadas nos seus direitos.
       Este momento em que estamos próximos da comemoração da "Semana da Pátria" precisamos nos ater  para a exclusão social que vem de todos(as) para vários seguimentos que apesar de não estarem aqui citados fazem parte do conjunto de excluidos e devem ser lembrados, a exclusão social de gupos de nossa sociedade, prova exatamente que esta é uma luta que deve ser travada de maneira uniforme por todos (as), para isto os movimentos sociais de Londrina preparam para o dia da pátria uma ação de politica afirmativa em defasa dos direitos de cidadania o "Grito dos Excluídos".
        Não podemos esquecer dos que hoje estão excluidos por força de injustiça, falo isto pela falta da Defensoria Pública direito constitucional apresentado na constituição de oitenta e oito, que ainda não é garantido, por falta de visão de nossa sociedade, são estes os encarcerados que devem cumprir com sua punição mais com o minimo de dignidade. 



Carlos Enrique Santana

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Reunião da Comissão de Saúde

       O Centro de Direitos Humanos de Londrina através da sua Comissão de Saúde convida a todos os movimentos e entidades além dos (as) cidadãos (as) para uma reunião com a seguinte seguinte pauta.
Extinção do Sistema de Internação Domiciliar,(SID).
Local:Igreja "O Brasil para Cristo."
Endereço:Rua:Duque de Caxias,3219
Data:Sábado, dia 29 de agosto de 2011, às 9:30 hs.



                                 A Coordenação
 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Reunião do CDH

A Coordenação do Centro de Direitos Humanos de Londrina vem atravez deste  formalizar convite aos companheiros (as) para a Reunião Ordinária de Coordenação a ser realizada na APP-Sindicato, na Av:Juscelino Kubitschek,1834, dás 19:00h às 21:30h do dia 24/08/2011. Pauta: Informes: Processo eleitoral de coordenação 2011/2013

Repressão contra o Comitê do Passe Livre no Terminal Urbano!

Relato de manifestante
Estou no meio das cinco pessoas que estavam coletando assinaturas para um abaixo-assinado contra o aumento da tarifa de ônibus. Estávamos em um ato pacífico do comitê do passe livre no dia 01 de julho, quarta, por volta das 18h30 quando fomos abordados por três seguranças e um policial militar. O tempo foi só o de conseguirmos três assinaturas, quando os mesmos já chegaram na truculência e começaram a nos indagar no meio da multidão o que estávamos fazendo lá. Dissemos que coletávamos assinaturas para um abaixo-assinado e que tínhamos este direito de livre expressão garantido pela constituição, além disso tínhamos um parecer da juíza que nos permitia qualquer ato desde que não inviabilizasse a entrada e saída dos ônibus, o que não estava acontecendo naquele momento. O que nos deixam surpresos foi o fato de que tudo foi muito rápido, prontamente nos vigiaram pelas câmeras do terminal e foram ao nosso alcance. Nisso um dos seguranças, o mesmo que em 2003 agrediu um de nossos companheiros de luta com um chute na boca, sangrando-o, e que arrastou por vários metros uma de nossas companheiras que estava presente na data da última quarta, nos incitou a comparecermos em uma sala tipo "D-OPS" para que prestássemos conta de nosso ato naquele momento. Lógico, que nenhuma pessoa em sã consciência iria novamente se expôr à nova violência mediada pelos seguranças do terminal. A população toda viu a situação e algumas vieram em nosso apoio em meio à confusão. Começamos a falar palavras de ordem para que todos vissem o que estavam ocorrendo conosco. E, mostrávamos que naquele momento de pico no ponto do ônibus do Jardim do Sol havia um microônibus que só conseguiu atender à metade da população, já que a outra ficou para o lado de fora. O inacreditável foi o fato de que o policial militar que estava para defender a segurança dos usuários estava inteiramente do lado dos seguranças representantes da TCGL e da CMTU, alegando que teríamos que ter autorização da CMTU para o abaixo-assinado! Dá para acreditar? Vocês hão de convir comigo que a CMTU prontamente iria nos barrar neste pedido! E, outra, não podemos nos expressar? Claro que não, a TCGL é uma das maiores acionistas da CMTU! Já não passa da hora da CMTU ser extinta, e passar a ser uma secretaria! Como pode um orgão público servir aos interesses privados? Continuando no relato, aceitamos pela pressão comparecermos a tal sala só que filmamos tudo, afinal estávamos em poucos e esta era a nossa única defesa. Os seguranças gritavam conosco dizendo que a gente não tinha autorização para filmá-los e eles tinham ao nos filmarmos coletando assinaturas? Filmamos tudo, está tudo registrado, nos impediram de fazermos algo em prol da comunidade! E, nos alertaram que se voltássemos para a coleta de assinaturas naquele momento iríamos presos! Até já estavam fazendo contato com a viatura! Quer dizer, sabemos bem ao certo de que lado a CMTU e a TCGL estão!
Agora é hora de nos apropriarmos das ruas e dizer não ao aumento! Passe Livre! Conselhos populares de transporte e estatização do transporte público!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Defensoria do Paraná

     Há exatamente noventa dias, o governador do Estado do Paraná, senhor Carlos Alberto Richa, assina na Universidade Federal do Paraná a lei que extrutura a Defensoria pública do Paraná, portanto ainda não estamos vendo o processo de contratação dos 207 defensores públicos propostos pela lei assinada, dos cento e oitenta dias já se passaram a metade.
     Analisando os processos de lutas sociais da população vemos que as mobilizações não podem de maneira alguma se esfriar, após a conquista pelas entidades e movimentos, da aprovação pela Assembléia Legislativa do Paraná e a posterior assinatura e publicação da lei precisamos estar atentos para a publicação em edital do chamamento para o concurso dos profissionais e também da posterior extruturação da defensoria, por isto que  após noventa dias completos  da assinatura da lei gostariamos de lembrar a sociedade paranaense que ainda precisamos estar atentos para não sermos feitos de trouxas.
     diante da tentativa de tentar se fazer de "i,esqueci", é melhor lembrar os gestores públicos de suas responsabilidades para com a comunidade carente do estado pois a Defensoria Pública além de ser uma obrigação legal proposta pela constituição é uma forma democratica-moral do gestor paranaense para com seus desassistidos pela justiça cara e capitalizada, por isto é que nos do Centro de Direitos Humanos de Londrina, vimos a público  lembrar que não estamos esquecendo dos direitos dos cidadãos desassistidos das periferias do Paraná.



                                             Centro de Direitos Humanos de Londrina

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Reunião do Conselho Municipal de Saúde


Convidamos para 217ª Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Saúde de Londrina, a realizar-se, no dia 16 de agosto, às 19h00, no Auditório Samuel Pessoa da Villa da Saúde, sito na Avenida Jorge Casoni, 2350, para os seguintes pontos de pauta:
     
1 - 19h00 – Aprovação da pauta para a 217ª Reunião Ordinária do CMS e aprovação da ata da 216ª reunião ordinária do Conselho Municipal de Saúde;
2 - 19h20 – Prestação de Contas do Fundo Municipal de Saúde referente ao mês de julho de 2011 – Diretoria Financeira;
3 - 20h00 – Implantação do Acolhimento com Classificação de Risco – Secretaria Municipal de Saúde;
4 - 20h30 – Apresentação das principais propostas da 12ª Conferência Municipal de Saúde – Comissão Organizadora;
5 -  20h50 – Projetos de Lei de autoria do Executivo Municipal – Secretaria Municipal de Saúde;
6 - 21h00 – Informes;
22h00 - Teto máximo para encerramento.



Atenciosamente,



Ana Olympia Velloso Marcondes Dornellas
PRESIDENTE
Conselho Municipal de Saúde

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SOLIDARIEDADE Aos familiares e amigos da juiza de direito Patrícia Acioli, assassinada na última sexta-feira (12), diante de sua casa em Niterói,RJ

O Movimento Nacional de Direitos Humanos se solidariza com os familiares e amigos da juiza de direito Patrícia Acioli, assassinada na última sexta-feira (12), diante de sua casa em Niterói, Rio de Janeiro.
A Juiza, detentora de uma tragetória profissional pautada pelo enfrentamento ao crime organizado, foi vitimada por defender o estado democrático de direito, por seu trabalho na luta pela punição daqueles que violam os direitos da população e por ter sido responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e a grupos de extermínio na região. Sua vida estava marcada por constantes ameaças de morte.

Segundo informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem hoje 87 magistrados que trabalham nas mesmas condições, ameaçados em todo o país.

O crime representa mais um ataque a defensores e defensoras de Direitos Humanos, como muitos outros que ocorrem em todo o Brasil. O que não é diferente é a incapacidade do Estado de zelar pela guarda e integridade dessas pessoas, possibilitando-lhes que cumpram sua missão e impedindo que sejam vitimadas na luta que travam em prol dos direitos humanos e da construção de uma sociedade democrática.

Sao inúmeros lideres agrários, sindicais, populares, advogados e outros que tombam nessa luta. Essa realidade nao muda porque a politica nacional de proteção dos defensores e defensoras de direitos humanos carece de qualificação e contribui para que fatos como este ocorram. O MNDH exige que se trave um debate comprometido sobre o assunto, que mais essa morte nao se torne impune e que o estado brasileiros seja capaz de promover a segurança pública de forma generalizada e qualificada.

Coordenação Nacional

domingo, 14 de agosto de 2011

Fio de vida


 Tiago de Mello

Já fiz mais do quepodia.
Nem sei como foi que fiz
muita vez nem quis a vida.
A vida foi quem me quiz.

Pra me ter como o servo?
Pra acender a tição
Na fragua da indiferença?
Para abrir um coração

No fosso da inteligencia?
Não sei nunca vou saber
sei que de tanto me ter,
Acabei amando a vida.

Vida que anda por um fio,
Diz quem sabepode andar,
com tanto (vida é milagre)
que bem cumprido o meu fio.

por Carlos Enrique Santana

SEMINÁRIO DE LGBT DE LONDRINA, cujo tema era CIDADANIA E SAÚDE DAS MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS



Conforme programação abaixo, houve neste sábado dia 13 de agosto de 2011, o 1° SEMINÁRIO DE LGBT DE LONDRINA, cujo tema era CIDADANIA E SAÚDE DAS MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS. Haviam umas 15 pessoas, apesar de ser na APP sindicato, havia apenas um diretor desta entidade e nenhum(a) professor ou professora, além de mim. Não foi divulgado por este sindicato no chão das escolas. Quanto ao Centro de Direitos Humanos, apesar de ficarmos sabendo 4 dias antes, com ato publico sobre o descaso d saúde previsto no calçadão do município de Londrina e outras atividades, estávamos lá com 4 pesssoas devido a importância deste tema. Este seminário indicou uma representante para participar da 1ª Conferência Municipal da Mulher, que será realizada nos dias 19 e 20 de agosto na Câmara de Vereadores. O projeto tem o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.

Esta conferência é a etapa preparatória para a 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, convocada pela presidente da república, Dilma Rousseff, e que deve ocorrer em Brasília de 12 a 14 de dezembro.

Este tema para nós , militanters de direitos humanos , é muito importante. São inúmeros casos de violências contra a mulher em Londrina, assim como recebemos constantemente denúncias de como a população LGBTT é tratada em hospitais e unidades básicas de sáude. Falar em cidadania é falar de uma sociedade que respeita as pessoas independentemente de sua cor,gênero, sexualidade, etc. As pesssoas não podem e não devem deixar de ter as suas especificidades na área da saúde atendidas em razão de gênero, sexualidade, etc. Falar em cidadania para mulheres e LGBTT, é falar de uma sociedade sem homofobia, sem lesbofobia, sem misoginia. È falar de uma sociedade mais humanizada e feliz.


1° SEMINÁRIO DE LGBT DE LONDRINA
TEMA: CIDADANIA E SAÚDE DAS MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS
Palestrantes convidadas:
Heliana Hemeterio – Rede de Mulheres Negras do Paraná
Direitos Sexuais e Reprodutivos
Syr-dária Carvalho Mesquita –– Artemis – Associação Paranaense de Lésbicas
Histórico e Atuação da Artemis
SÁBADO – 13/08
LOCAL: APP SINDICATO
AV. JUSCELINO KUBITSCHEK, 1834
HORÁRIO: 9h às 18h
PROGRAMAÇÃO
09h – Abertura
Socialização: A importância da participação e sociabilidade das mulheres lésbicas e bissexuais.
10h30 – Coffee Break
11h – Roda de conversa – Violência: O que é violência para mulheres e bissexuais
12h30 – Intervalo Almoço
14h – Roda de conversa – Saúde: Por que ir ao ginecologista?
15h30 – Coffee Break
16h – Roda de conversa – Convívio social: O que é união homoafetiva e família para nós
17h30 – Avaliação final e propostas de ação
18h – Encerramento
**Mais informações pelo e-mail: lesbicas.e.bissexuais@hotmail.com ou pelos telefones:
3341-7962 / 8446-2312**
Realização: ARTEMIS
Apoio: Secretaria Municipal da Mulher
Rede de Mulheres Negras do PR
APP Sindicato
Yle Axé Opo Omin
Sindicato dos Bancários
Imecab

sábado, 13 de agosto de 2011

Grito dos Excluidos

        O Centro de Direitos Humanos de Londrina convida a todos os militantes que fazem parte das lutas populares e sociais, para participar da segunda reunião de organização do Grito dos Excluídos de Londrina,sua participação ou de sua organização é muito importante.

Local:Centro de Pastoral de Londrina
Endereço:Rua Dom Bosco,137
Horário: 19:30hs
Contato:(43)99922324 ou ces-pt@hotmail.com.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CARTA DE APRESENTAÇÃO DO COMITÊ POPULAR DA COPA DO MUNDO DE 2014 – CURITIBA, PARANÁ

CARTA DE APRESENTAÇÃO DO COMITÊ POPULAR DA COPA DO MUNDO DE 2014 – CURITIBA, PARANÁ

“Para não colocar os direitos humanos de escanteio.”

Copa do Mundo e Jogos Olímpicos são dois grandes eventos esportivos que serão recepcionados pelo Brasil em 2014 e 2016, respectivamente. Festejados por alguns e temidos por outros, eles podem significar tanto oportunidades para a cultura, o esporte e a infra-estrutura das cidades-sede, quanto ameaças de maior exclusão e violação de direitos às populações e comunidades locais, especialmente de baixa renda, já marginalizadas historicamente. O caminho a ser tomado depende dos interesses em jogo e de quem efetivamente terá direito de decidir sobre a forma de condução das preparações. A sociedade não pode ser mera espectadora de tudo isso.

O próprio Estado brasileiro tem reconhecido que são fracos os mecanismos de controle sobre as apressadas operações para a Copa do Mundo de 2014. O Tribunal de Contas da União, por exemplo, apontou em seus últimos relatórios entre os problemas de gestão: descontrole orçamentário, falta de transparência dos atos públicos, superfaturamento de obras e irregularidades contratuais, riscos que correm as cidades-sedes do evento e suas populações. Se mesmo as instâncias administrativas encontram dificuldade em fiscalizar as ações locais e os possíveis desvios de finalidade, quais as vias oferecidas à sociedade como um todo para definir os rumos desse processo?
Embora a maior parte das discussões atuais sobre o tema gire em torno do cumprimento de prazos e dos valores previstos para a execução dos projetos de infra-estrutura, movimentos sociais, organizações de direitos humanos e especialistas em planejamento têm outras preocupações. Em muitas cidades, o Direito à Moradia Adequada, o Direito de Ir e Vir, o Direito ao Trabalho, o Direito ao Meio-Ambiente, o Direito à Dignidade e Integridade Física, vem sendo desrespeitados. A Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Ministério Público Federal (MPF) e vários outros órgãos já se manifestaram denunciando situações de despejo, intimidação, violência, transgressão de normas e garantias em regimes de trabalho degradantes e “higienização étnica e social”.
Mas não é só: o direito à informação sobre a natureza das intervenções urbanas a serem implementadas nos próximos anos e seus impactos sócio-espaciais, não tem sido observado. Sem acesso aos projetos, as populações locais são afastadas do monitoramento das ações estatais e o tema é retirado do debate público, para tornar-se mera questão de metas. Porém, só o tiro-de-meta, como é sabido, não é gol.
Essa postura levanta a questão: a quem servem toda a estrutura administrativa e os recursos disponibilizados nos diversos níveis federativos para a viabilização de um mega-evento como este? Até que ponto realmente todo o esforço institucional despendido pelo Estado brasileiro tem em vista a satisfação de interesses públicos? Não se trata de questionar a legitimidade da Copa, nem mesmo a vontade geral em recepcioná-la. Mas é preciso que o façamos de maneira lúcida, democrática e com repartição social dos benefícios e não apenas dos ônus, como vem sendo o padrão.
Condições para oportunidades de investimento do capital não são demandas populares, mas exigências verticalizadas, contidas em acordos dos governos com entidades internacionais, como a FIFA. A obediência aos prazos é utilizada como discurso que pretende justificar posturas unilaterais e decisões tomadas sem audiências públicas, consultas prévias e estudos de impacto (orçamentário, ambiental e de vizinhança). Todavia, e se, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, descobrirmos as falhas na nossa estratégia e os furos na nossa equipe? Nesse meio-de-campo embolado, qual o árbitro competente para julgar as faltas cometidas?
Em Curitiba, a Lei Municipal n. 13.620/2010 concedeu ao Estádio Joaquim Américo Guimarães R$ 90 milhões em Potencial Construtivo para o financiamento de uma obra particular, enquanto a Lei Complementar n. 77/2010, na mesma linha, garante ampla isenção de ISS para a FIFA na cidade, demonstrando quem mais poderá lucrar com o evento. Enquanto isso, comunidades pobres aguardam há anos a instalação de equipamentos públicos básicos como hospitais, creches, escolas e postos de saúde.
Além disso, inúmeras obras já foram anunciadas, as quais demandarão despejos e desapropriações para serem concretizadas, como ao longo da Av. Comendador Franco (Avenida das Torres), no chamado “Corredor Metropolitano”, no entorno do Estádio do Clube Atlético Paranaense, etc. Trabalhadores informais, ambulantes e a população em situação de rua também sentem o aumento da repressão e da criminalização que pretende levar a cabo verdadeira “faxina social” na cidade. Para completar o quadro, foi instalado um Juizado Especial Criminal na “Arena da Baixada”, que sediará os jogos, e a Região Metropolitana de Curitiba em breve deverá receber as mesmas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) tão questionadas no Rio de Janeiro. Seremos responsáveis pela construção de um regime de exceção para a Copa do Mundo de 2014? Nesse sentido, o jogo político permanece desigual.
As comunidades afetadas por essa movimentação pouca ou nenhuma garantia têm até o momento de que seus direitos serão respeitados. Se cidades mais caras, menos funcionais e mais excludentes são o resultado dessa partida, então não teremos saído do zero-a-zero. Com base nos princípios da gestão democrática, da soberania popular, da justiça fundiária e da função social da cidade, a sociedade, através do Comitê Popular da Copa em Curitiba, reivindica sua participação no processo decisório de maneira ampliada, com transparência e respeito aos direitos humanos de todos e todas sem distinções. Antes do lance final, não retiraremos nosso time de campo.

Chamamos a tod@s para integrar essa iniciativa!
Venha participar das reuniões do Comitê Popular da Copa em Curitiba e da Marcha Contra a Copa-Negócio!
Onde: Praça Santos Andrade – Centro
Quando: 20/08/2011, às 10h
Contato: cpc2014curitiba@gmail.com

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais uma criança Guarani Mbya morre sem ter vivido em sua terra

Que a morte dessa pequena Kuñai (menina) Guarani não seja apenas mais um número, na estatística da mortalidade infantil indígena

Por Roberto Antonio Liebgott

Finda a tarde do dia 13 de julho de 2011, RS-040, Km 60, município de Capivari. Os Guarani Mbya, que vivem às margens daquela rodovia, recebem o corpo sem vida de Amilta, de apenas quatro anos de idade. A pequena Mbya não resistiu a uma pneumonia e faleceu às 11 horas da manhã do dia 12.

Os pais de Amilta, Rafael e Yolanda, não tendo uma Opy (casa de reza) para realizar os rituais sagrados do povo, levaram o corpo da filha para ser velado em um barraco improvisado, coberto com lona preta. Lá passaram toda a noite. O frio e a chuva foram companhias permanentes. As lonas, em estado precário, deixavam passar o vento e alguns pingos de chuva.

Não havia no acampamento velas e nem pety (fumo) para o petynguá (cachimbo) que são fundamentais em rituais fúnebres. Na manhã do dia 14, um carro funerário deveria fazer o translado do corpo da menina para a aldeia da Estiva, área do povo Guarani, com apenas sete hectares, que apesar de diminuta possui um cemitério.

Mas como fazer o enterro se os rituais não foram realizados? A comunidade decidiu que o enterro somente aconteceria no dia seguinte. Através da doação de pessoas solidárias, o fumo e as velas foram levados até o acampamento e a comunidade pôde iniciar os rituais para a pequena Amilta.

Vivem no acampamento Capivari, à beira da rodovia, 10 famílias do povo Guarani Mbya. Não dispõem de água potável, energia elétrica, muito menos saneamento básico. Raramente recebem visita de equipes de saúde da Sesai (Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena). Alegam falta de recursos e de combustível para prestar atendimento à comunidade. O acampamento situa-se a menos de 80 Km de Porto Alegre (capital do estado onde está localizada a sede da Sesai). Apesar da facilidade de acesso e geograficamente bem localizada, a comunidade é totalmente esquecido pelos órgãos de assistência.

Terra reivindicada, mas não demarcada


O cacique da comunidade, Sr. Augusto, mora em Capivari há mais de 25 anos e afirma que a Funai conhece a história do acampamento e tem conhecimento das reivindicações da comunidade, mas nunca fez nada, além de promessas. Com uma fisionomia abatida, disse não acreditar mais nos juruá (brancos), porque eles apenas lançam as palavras, mas não cumprem com aquilo que prometem.

A terra reivindicada já foi, por diversas vezes, objeto de estudos de antropólogos que comprovaram a tradicionalidade da ocupação Guarani na região. A Funai, ciente destes estudos, nunca realizou os encaminhamentos devidos, porque do outro lado da cerca está situada uma grande fazenda onde se cria gado e se cultiva arroz. Com essa atitude, os representantes do órgão indigenista continuam a manter na indigência as famílias Guarani.

No Brasil, há décadas se denuncia a realidade de abandono dos povos indígenas e se reivindica urgência nas demarcações de terra, para assegurar, assim, a saúde, a dignidade, a sobrevivência destas populações. Mas apenas quando a situação se agrava, beirando o caos, é que o Poder Público se volta para as comunidades afetadas, com apenas medidas emergenciais que nunca se estabelecem como verdadeiras políticas duradouras em defesa da vida dos povos indígenas. Não há uma atuação planejada e contínua, capaz de dar solução aos graves problemas enfrentados pelos indígenas que vivem nos mais diversos estados brasileiros.

Acampamentos indígenas à beira de BRs

É cada vez mais evidente, no sul do país, a realidade de abandono e de omissão do Poder Público, e a situação das comunidades agrava-se a cada ano. A imagem de famílias indígenas acampadas à beira de rodovias já se tornou comum, e parece não surpreender. Vale ressaltar que existem no Rio Grande do Sul gerações inteiras de Guarani que não conheceram outra realidade a não ser a vida em acampamentos "provisórios". Registra-se, por exemplo, a existência de acampamentos que já existem há três décadas, sem que a Funai e os órgãos responsáveis tomem providências para resolver definitivamente o problema: a efetiva demarcação das terras tradicionais reivindicadas por este povo.

A situação vivida pelos Guarani no estado do Rio Grande do Sul, assemelha-se à passagem bíblica da luta de Davi contra Golias. De um lado, um povo indígena que tem o direito, assegurado no texto constitucional, de viver em suas terras, cuja tradicionalidade é incontestável e, de outro, os supostos "proprietários" dessas mesmas terras, representantes de um poder econômico privilegiado, o do agronegócio. Neste contexto, a posição do Poder Público tem sido a de proteger os interesses daqueles que são considerados "produtivos" e desejáveis para o desenvolvimento do estado e do país.

E a estratégia principal, colocada em curso há décadas, tem sido o descaso para com as reivindicações indígenas, a morosidade nos procedimentos de identificação e de demarcação de terras, a substituição de políticas de atenção à vida por ações emergências e assistencialistas. O que se verifica, nestas circunstâncias, é que o texto constitucional e os direitos nele resguardados ficam reféns de jogos de poder político e de interesses que ecoam nas esferas decisórias do governo federal.

O resultado disso é a inaceitável morte de crianças como Amilta, uma entre tantas outras vidas ceifadas prematuramente, uma entre tantas outras vítimas da omissão do Estado, da inoperância da Funai e do desrespeito aos direitos indígenas.

As responsabilidades e a omissão em números

A responsabilidade pelo luto vivido pelas famílias Guarani que choram a morte de Amilta, e pela violência cotidiana imposta a este povo, é do governo federal - na figura de sua representante maior, a presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que responde pelo ministério ao qual a Fundação Nacional do Índio está subordinada. Não há, por parte do governo, qualquer manifestação de compromisso concreto com os Guarani e nem qualquer tipo de ação que possa solucionar os graves problemas vividos no seu dia a dia. Aliás, o que se verifica é um injustificável descuido para com a causa indígena, e um exemplo concreto e incontestável são os dados da execução do Orçamento Geral da União relativos ao ano de 2011.

Orçamento Indigenista - 2011: R$ 785 milhões disponíveis. Em todo o primeiro semestre do ano foram liquidados apenas 25% deste total.

Examinando os dados disponíveis no portal do Senado Federal, pode-se verificar que não procede a alegação de falta de recursos para a demarcação das terras indígenas, uma vez que o Congresso Nacional autorizou a utilização de mais de R$ 21 milhões, dos quais o governo gastou menos de 28% até o momento. Sem falar em itens diretamente implicados com a proteção e promoção da saúde indígena, nos quais também se verifica uma execução orçamentária incompatível com o previsto. Na ação Proteção Social dos Povos Indígenas, o governo aplicou até o momento apenas 11,4% do montante autorizado; no item Estruturação de Unidades de Saúde foram aplicados irrisórios 0,14% dos recursos disponíveis; no item Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Indígenas, os recursos utilizados não chegam a 1% do previsto (0,82%); no item Promoção, Vigilância, Proteção e Recuperação da Saúde Indígena, somente 9,84% foram liquidados e, pior ainda, no item Saneamento Básico, nenhum centavo foi gasto até o momento.

Mais uma vez a objetividade dos dados quantitativos - que mostram o contingenciamento dos já escassos recursos destinados aos povos indígenas, não deixam margem a dúvidas: o governo coloca em curso uma política indigenista deficitária, que não parece ser resultado da incompetência de quem realiza a gestão, e sim resultado de uma intencional e deliberada política de privilegiar setores antiindígenas, especialmente aqueles ligados a obras desenvolvimentistas.

A cruel realidade vivida pelos Guarani, no Rio Grande do Sul, está diretamente relacionada à não demarcação de seus territórios, agravada pelo fato de que sequer dispõem de pequenas porções de terra, como ocorre com povos de outras regiões do Brasil. Os Guarani são submetidos à desumana condição de acampados, tornando-se vítimas de doenças, com alto índice de mortalidade infantil, como também sofrem ameaças e violências diversas.

Os acampamentos, as lonas, a falta de água potável, a falta de saneamento básico, a falta de vontade política e de coragem para garantir os direitos destes povos, marcam a atuação do governo brasileiro. Só podemos caracterizar este quadro, como uma prática de genocídio.

Amilta morreu sem ter pisado sua terra. As terras do povo Guarani e de outros povos indígenas país afora, estão delimitadas por cercas, espaço de vida para o gado, para plantações de transgênicos, para plantações de cana-açúcar que enriquecem alguns poucos "heróis nacionais".

Em seus quatro anos, a pequena Mbya experimentou a escassez de alimentos, o frio das noites debaixo de lonas pretas, pisou a terra fria e úmida da beira da estrada, muitas vezes alagada pelas chuvas. Isso foi o que esteve ao seu alcance, em sua curta vida. Que a morte dessa pequena Kuñai (menina) Guarani não seja apenas mais um número, na estatística da mortalidade infantil indígena. Que em memória dela, e de tantas outras crianças, sejam levados adiante os procedimentos de demarcação que podem assegurar uma terra mãe acolhedora para resguardar a vida deste Grande Povo!
Roberto Antonio Liebgott é vice-presidente do Cimi e integrante da Equipe Porto Alegre.

Fonte: Brasil de Fato


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Terrorista louro de olhos azuis

Frei Betto, Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.

A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.

Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo... alerta o preconceito infundido.

Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.

O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.

Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.

Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.

A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele "é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.

Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?

Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?

O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.

O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?

Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.

Rádio Comunitária Fortaleza: um símbolo de resistência popular

texto enviado por Reinaldo Oliveira
 


 À primeira vista, a pequena construção passa despercebida. Lá dentro, uma caixa de som toca MPB. Cores vibrantes, versos poéticos e cartazes de Che Guevara dividem espaço nas paredes e descortinam um novo cenário. Desde 1997, quando foi criada a partir de uma parceria entre sindicatos, pastorais, representantes comunitários e Universidade, a Rádio Comunitária Fortaleza Adenilson Teles carrega nas suas ondas de transmissão a história de luta por uma comunicação popular e democrática. Em 14 anos, a Emissora enfrentou dificuldades, além das limitações orçamentárias. Por duas vezes, a Rádio foi fechada pela Polícia Federal – em uma delas, dois de seus idealizadores chegaram a ser presos. As marcas deixadas pela tragédia de 2008 ainda estão no quadro com a foto de Sebastião Salgado, fixado ao lado da porta de entrada – que não permite esquecer a altura de quase dois metros atingida pela água barrenta. Apesar de todos os ventos contrários, a rádio se mantém como símbolo de resistência e instrumento de transformação.
Desde que foi criada, a primeira e única rádio comunitária de Blumenau funciona na sede da Associação dos Moradores do Bairro Fortaleza, na Rua Leonor Virmond Leitão e é gerida por uma associação de difusão, composta por moradores do bairro. O jornalista Adenilson Teles foi um dos principais idealizadores da emissora. À frente da rádio desde as primeiras transmissões, ele chegou a ser preso em 2004 pela Polícia Federal, que lacrou a emissora e apreendeu equipamentos e cds. Na época, a rádio ainda não tinha a outorga de funcionamento concedida pela Anatel. Mas a importância da emissora em prol de uma comunicação popular já era reconhecida, tanto que no julgamento do caso o então bispo da Diocese de Blumenau e jornalista, Dom Angélico Sândalo Bernardino, que foi uma das testemunhas, no seu depoimento defendeu com ênfase a necessidade da Rádio Comunitária.
“Pouco antes da prisão, participamos da cobertura de um evento no bairro, o Strassenfest, conhecido como o Stammtisch (encontro de amigos) do bairro Fortaleza. Uma rádio comercial instalada ao lado da nossa ficou incomodada com nossa audiência e aprovação. Alguns dias depois a Polícia Federal bateu na Rádio. Tocaram a campainha quando eu estava na Rádio. Eu me deparei com Polícia Federal e dirigentes da Anatel. Fomos levados algemados para Itajaí, onde o próprio delegado da PF percebeu o abuso de autoridade já que não resistimos à prisão. Queriam nos intimidar, mostrar que tinham força. Foi um único dia de prisão, mas se tornou uma tortura. Até hoje quando ouço o toque da campainha fico mal.” relembra um dos diretores da Emissora que foi preso junto com Teles, Antônio Gonçalves.
Em 2007, aos 33 anos, o jornalista Adenilson Teles faleceu em um acidente de carro na BR-470, sem ver alcançado aquele que foi um dos objetivos pelos quais mais lutou: a outorga da rádio. A longa espera pela outorga durou quase dez anos e finalmente saiu em novembro de 2007, um mês depois da morte de Teles. A homenagem ao jornalista não está apenas no nome da Rádio e na parede da casa que serve como sede, onde o artista Clóvis Truppel retratou o rosto de Teles. Ele permanece vivo nas lembranças de quem teve a sua convivência.
“Nas atividades alusivas a um 1º de Maio, o Teles me convenceu a levar todo o aparato da rádio para fazer uma transmissão diretamente da Vila União. Eu achava tudo aquilo uma loucura, todo o trabalho de deslocar e montar os equipamentos para um único dia de transmissão. Depois eu entendi que isso fazia parte do processo pedagógico. As crianças e toda a comunidade se envolviam” _ lembra o presidente do Sindicato dos Bancários de Blumenau e Região, Leandro Spezia, que acompanhou Teles em sua empreitada.
“O Teles foi quem mais lutou pela Rádio. Se existe a rádio hoje é por conta dele. Temos a obrigação de lutar pela permanência da rádio para não deixar morrer o sonho dele.”- afirma Antônio Gonçalves.
Após a tragédia de 2008, artistas locais se uniram em uma espécie de mutirão para dar vida à Rádio novamente. Entre eles, Bruno Bachmann, Clóvis Truppel, Marcelo Labes, Nestor Jr… coloriram as paredes da sede da emissora com poesias e tons vibrantes. A estrutura ganhou nova roupagem, mas o conteúdo seguiu as premissas que conduzem a emissora desde o início. A programação contempla programas de rock, MPB, e essencialmente comunitários, como o conduzido por pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
Além do conteúdo e da missão, um dos principais elementos que diferenciam a Rádio Comunitária das emissoras comerciais do município é a abrangência geográfica. A Rádio Comunitária atua em baixa frequência (25 watts) e possui uma programação voltada para uma comunidade específica. Segue o preceito de que a comunicação é um direito assegurado pela Constituição Federal e pela Declaração Universal de Direitos Humanos. Já as ditas ‘rádios comerciais’ abrangem regiões maiores e com a preocupação comercial.
_ Sempre priorizamos a comunidade mais carente. Conseguimos atender aos pequenos comerciantes, o sapateiro, o alfaiate, o mecânico do bairro. As agremiações maiores já têm suas próprias estruturas e conseguem lançar suas propagandas em outros veículos. Ao longo desse período houve muitos oportunistas, tentando utilizar a Rádio para se auto-promover. Mas nossa política é não permitir esse tipo de conduta. Nossa prioridade é a comunidade. É isso que nos torna uma emissora diferenciada _ acredita o secretário da emissora, Antônio Simas, que acompanha a Rádio desde o início.
Sintonizada pela frequência 98,3 FM, a Rádio Comunitária Fortaleza é mantida essencialmente pelo trabalho de voluntários e por doações de sindicatos de trabalhadores de Blumenau, que contam também com um espaço na programação. São apenas dois funcionários: Anderson Engels e América Lopes. A paixão pelo rádio acompanha a jovem desde pequena, quando tinha como companhia um pequeno rádio a pilha. Depois de trabalhar em outros ramos, pensou em se dedicar ao trabalho de radialista. Começou como voluntária. Fez cursos, aperfeiçoou-se. Aos 30 anos, América comanda o programa Sons da América às terças, das 20h às 22h, com a proposta de valorizar o rock e as pessoas comuns, através de entrevistas.
“Fazer rádio para mim é primeiro realmente gostar do que se faz. É amor, amor pelo rádio, carinho pela programação. Vir aqui colocar música é muito fácil. Eu tenho preocupação com a qualidade da programação. Apesar de todas as dificuldades, eu estou aqui porque quero manter a Rádio, não quero que isso acabe.”_ revela.
Tanto amor pela Rádio faz com que América às vezes se depare com situações inusitadas, como apresentar o programa com a filha no colo ou abrir mão de tudo para estar na emissora dia 31 de dezembro. É assim também para Anderson Engels, apresentador do programa Entre Mundos, que vai ao ar todas as sextas às 20h. Dos episódios vividos na rádio, um dos mais marcantes para ele foi o trabalho durante a tragédia de 2008.
_ As portas estufaram por conta da água, nenhuma delas fechava e tivemos que dormir lá todos os dias em meio àquele tumulto. Colocamos a Rádio no ar com equipamentos emprestados já que toda a aparelhagem de som ficou debaixo d’ água e voltamos a dar notícias sobre as famílias nos abrigos _ lembra o comunicador.
É acreditando na força do meio de comunicação como instrumento de transformação que a Rádio Comunitária atua desafiando interesses políticos e pessoais. Desta forma, a Emissora representa uma alternativa de participação popular na comunicação, ao transmitir outras versões dos fatos, comunicar eventos de interesse local que não aparecem nos grandes meios, criar canais de informações que se constituem em direito fundamental para o exercício, conquista e manutenção de outros direitos.
Apesar das dificuldades diárias enfrentadas pela Emissora, o espírito de solidariedade para superar os desafios impressiona. Como concluiu Teles no trabalho intitulado: Nas Ondas Comunitárias – o movimento das rádios comunitárias em Santa Catarina, fruto da conclusão do curso em Jornalismo pela Univali, em 1999: “O movimento em defesa das rádios comunitárias luta, sobretudo, para construir uma sociedade com mais justiça social e verdadeiramente democrática.”

 “Existem apenas dois tipos de jornalismo: o que serve a uma minoria e o que serve a maioria da população. Quando falamos em servir a maioria estamos falando em cons-piração (respirar juntos) com as comunidades oprimidas, estar junto com a população nos seus mais secretos sonhos de amor. Esse é o jornalismo comunitário, aquele que conspira, que caminha junto, que se torna instrumento de transcendência, que dá visibilidade ao oprimido não como o ‘marginal’, mas como o pobre, real e capaz de superar sua condição."
Texto e fotos:
Magali Moser
Jornalista responsável - SC 02353 – JP
www.jornalistamagalimoser.wordpress.com

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Palavra "inferno" acha tradução nos presídios

27 de julho de 2011
Ao implodir a Casa de detenção do Carandiru em dezembro de 2002, o governo de São Paulo sinalizava uma intenção de apagar da memória da população aquele lugar, símbolo do tratamento degradante e cruel ao preso
Depois houve outra iniciativa bem recebida pela sociedade: retirar os presos das celas dos distritos policiais.

O local destinado seria os novos CDPs (Centros de Detenção Provisória) da capital.

Em 2009, como membros do Conselho da Comunidade de São Paulo, começamos a visitar essas unidades, dentre elas o CDP I de Pinheiros e o CDP da Vila Independência.

A palavra inferno acha tradução nesses locais. Além da superlotação, não há assistência jurídica, odontológica e médica suficiente. A sensação é de estar adentrando em um campo de concentração.

Cabe ao poder público o dever de adotar medidas urgentes, impedindo que a negligência e a tolerância resultem em um contínuo desperdício de vidas. A omissão faz perpetuar dezenas de Carandirus, com o alerta de que o final só poderá ser trágico.

--MARCOS FUCHS, é advogado e membro do Instituto Pro Bono, da Conectas Direitos Humanos e do Conselho Comunitário
VALÉRIA BALASSONI GARCIA é advogada e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e do Conselho Comunitário

CAMPANHA CONTRA O AGROTÓXICO E PELA VIDA.

Nesta quinta-feira o Denis Monteiro, secretário executivo da ANA – Articulação Nacional de Agroecologia, entidade que é membro da Campanha Permanente de Combate aos Agrotóxicos, e o Martin Maurer - um senhor agricultor do RS, participaram de uma entrevista no Canal Futura sobre a Campanha contra o Agrotóxico e pela Vida.

Segue o link desta entrevista:
http://www.youtube.com/watch?v=_nf89HXhfOM


Também o companheiro José Maria Tardin (Escola Latino Americana de Agroecologia) concedeu uma entrevista sobre a Jornada de Agroecologia e o consumo consciente de alimentos, reconhecendo a cadeia produtiva.
http://www.youtube.com/watch?v=oK0VkqVE9-k



Lizely Roberta Borges
Mobilização e Articulação Comunitária  l  Região Sul
Canal Futura
(41) 9964-2303
lizely.borges@futura.org.br
www.futura.org.br

Jornal Brasil de Fatowww.brasildefato.com.brEditora Expressão Popular: www.expressaopopular.com.br

RETROCESSO NA PALESTINA


Fábio Bacila Sahd
Historiador e
colaborador do Observatório das Nacionalidades

No momento em que a ONU decide sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, é oportuno um olhar sobre a atual situação do conflito naquela região do Oriente Médio. Não há como fugir à constatação de que o corrente estágio do “processo de paz” entre israelenses e palestinos, iniciado em Oslo em 1993, comprova aquilo que, desde seu nascedouro, diversos analistas, entre eles Edward Said, identificaram como tão somente um plano para dar continuidade à colonização dos territórios ocupados pelos israelenses durante a guerra de 1967, muito embora políticos sionistas o exibam ao mundo como uma efetiva predisposição à paz.
Em outras palavras, as negociações nos termos de “dois Estados” já nasceram mortas. Relatórios e comunicados da ONU demonstram que a expansão dos assentamentos nunca cessou, como não cessaram a expulsão de palestinos, a destruição de suas casas e a anexação de territórios. Mesmo no ano de 2000, quando Israel propalou que oferecera o máximo de concessões possíveis em prol da paz, isso não passava de uma evidente falácia.
É clara a falta de vontade ou de capacidade política dos governantes israelenses em dar solução às questões centrais, que envolvem o estabelecimento de fronteiras, a distribuição de recursos naturais (água), o status de Jerusalém, o direito de retorno dos refugiados palestinos e os termos para garantir a segurança de Israel.
A violência desencadeada com a deflagração da Segunda Intifada diminuiu as já escassas chances de paz, por conta do aumento da desconfiança mútua, fazendo com que as relações entre palestinos e judeus israelenses se deteriorassem ainda mais, esvaziando as negociações diretas de qualquer sentido prático e propiciando a ascensão de grupos radicais.
Atualmente, o governo israelense está nas mãos de uma coligação de partidos ultra-nacionalistas, tanto religiosos quanto laicos, cujos membros implementam um programa racista e expansionista e apresentam propostas de paz completamente inaceitáveis para os palestinos. A proliferação de assentamentos ilegais, incentivada pelo Estado, continua em ritmo acelerado e inviabiliza por completo a existência de uma entidade palestina íntegra e independente. Anteriormente, o próprio primeiro ministro Netanyahu prometera empenhar-se para enterrar Oslo, o que, diga-se de passagem, vem fazendo com sucesso.
Já o lado palestino, constituído por um mosaico de agrupamentos com sérias contradições internas, como não tem suas demandas mais básicas atendidas, aposta cada vez mais em uma solução unilateral: manter a frágil coesão recentemente readquirida e ter seu Estado reconhecido pela ONU, órgão que sofre forte influência dos EUA, que têm usado constantemente seu poder de veto a favor de Israel. Tal disposição imperial indica que a questão não é circunscrita à luta entre palestinos e judeus, mas está no centro da disputa das grandes potências pelo controle de uma área estratégica, onde Israel assume o papel de enclave ocidental no mundo islâmico. Isso está evidente no fato de "a paz" ser negociada a partir de Washington.
Nos dias de hoje, o desfecho para o duradouro impasse na Palestina continua distante. Se no início da década de 1990 as perspectivas pareciam promissoras, logo novas sombras as obscureceram. Desde então, a trajetória das negociações caracterizou-se por retrocessos, que desgastaram sobremaneira a viabilidade da solução de dois Estados. Hoje, tanto esta proposta quanto a de criação de um Estado único bi-nacional são de difícil implementação. A cada dia, o ódio e a desconfiança recrudescem, tornando as fronteiras comunitárias cada vez mais rígidas e intransponíveis. Pouco após o raiar do novo século, a paz ainda é uma utopia e a violência a nua realidade.
Por um lado, o povo palestino não abandonará facilmente o sentimento de injustiça a que foi submetido, que permeia suas demandas e mobiliza suas ações, sobretudo quanto à exigência de reparações diante da limpeza étnica promovida pelas forças judaicas em 1948 (Nakba). Do outro lado, uma significante parcela da população israelense, constituída por colonos fundamentalistas e sionistas ultra-radicais, advoga direitos históricos e divinos a toda a Palestina e a consequente expulsão de sua população autóctone.