terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Mas é preciso ter raça, é preciso ter força sempre"






Maria, como tantas outras marias trabalha a semana inteira, com um salário insuficiente para gastos com necessidades básicas, tais como luz, telefone, roupas, etc.
Deste mesmo salário uma parte vai no mês de outubro vai para ajudar na compra de materiais que servirão para produzir o BOLO.
Primeiro lá vai a Maria em cada canto,pedindo brinquedos usados, um leite, ovos, enfim, o que vier servirá para fazer nos rostos mais sorrisos, na memória a lembrança do bolo, do doce gosto do bolo. Do bolo da partilha, da alegria, da solidariedade.
Maria recebe outras mulheres em sua casa, estas mulheres no transcorrer da noite irão fazer muitos pães de ló, irão juntar estas formas de bolo, irão bater o gracê e então no dia 12, logo depois do meio dia , a festa.
E as pessoas vão chegando, olhar atento, um sorriso nos lábios e as mãos, benditas mãos, estendidas em busca de um pedaço de bolo e de um copo de refrigerante. Encontram outras mãos e a partilha se faz.
Isto acontece já a 5 anos no jardim Turquino,um bairro composto por empregadas domésticas, assalariados rurais temporários, trabalhadores da construção civil, catadores de papés, etc. Uma população que luta na caminhada da vida e sempre perguntam a Maria:
___"Maria, vai ter bolo este ano."
Maria responde:
"__ Vai, se todos ajudarem vai.."
Enquanto houver marias haverá poesia, enquanto houver marias, haverá força, haverá solidariedade, haverá partilha, haverá sorrisos, haverá esperança em que é possível um dia em que todas as pessoas se juntarão na partilha da VIDA.

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