segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Humanos Direitos?

Foto/CBN: O Ex-Prefeito Jose Joaquim Ribeiro (Sem Partido), saindo da sede do GAECO, depois de ter sido Preso em Santa Catarina, por receber propina em licitações de uniformes.


Por Almir Escatambulo

Acerca de dois anos, lembro-me de ter participado, junto com outros integrantes do CDH, de uma reunião com o então vice-prefeito de Homero Barbosa Neto, o senhor Jose Joaquim Ribeiro. Se não me falha a memória, o tema da  reunião era sobre o aumento da passagem de ônibus. 



A discussão foi intensa e prolongada, pois Ribeiro tinha uma posição fechada sobre o assunto, a passagem tinha que aumentar, pois havia muitos gastos e isto daria prejuízo as empresas de transporte. 



Na época, as planilhas de transporte estavam sob investigação, pois o vereador Joel Garcia (que até então era da situação), estava pleiteando uma CEI do transporte e queria que as planilhas fossem revisadas, pois em seu entendimento, havia algo de errado nas tarifas do transporte. 



Enfim. Não conseguimos chegar a solução nenhuma naquela reunião, e a passagem aumentou, mesmo sob protesto, dos movimentos sociais, que heroicamente sempre foram contra a estes absurdos aumentos. 



Lá pelas tantas, Ribeiro começou a nos questionar sobre o nosso entendimento acerca dos Direitos Humanos. Nós do CDH, sempre tivemos o consenso de que Direitos Humanos é simplesmente ter direitos, independente da situação em que nós nos encontramos, pois perante os dispositivos legais e as instituições políticas e jurídicas, todos nós, teoricamente somos iguais. 



Ribeiro disse que tinha um posicionamento diferenciado, ele entendia que direitos humanos, deveria ser dado para ¨humanos direitos¨, pois nem todas as pessoas mereciam a alcunha de ¨cidadãos¨. Enfim. aquela velha conversa que todos nós já estamos cansados e carecas de saber. 



Para exemplificar sua tese, o então vice-prefeito, contou uma historia de um garoto aprendiz, que estava trabalhando na prefeitura, segundo ele , simpatizou com o menino que era bonzinho e tinha ¨vontade de trabalhar¨ e resolveu dar uma ¨oportunidade a ele¨. 



O chamou para trabalhar lá em seu escritório na prefeitura, inicialmente varrendo o chão, depois com o passar do tempo, carregando documentos e depois como Ofice-Boy. E segundo o entendimento de nosso interlocutor, ele estava fazendo uma boa ação, pois estava tirando um jovem da marginalidade. E se porventura, o menino não ¨vencesse na vida¨ a culpa era única e exclusivamente dele, pois oportunidade não faltou. 



Lembro-me deste dialogo como se fosse ontem, e eu não estava sozinho, estava com outras pessoas, que podem afirmar o que eu falei aqui. 



Sempre desconfiei e desconfio deste tipo de discurso, pois o ser - humano é um animal dotado de potencia e talentos, e quando incentivado pode ir muito alem de seus limites. Porque o individuo para ser alguém, precisa começar lá de baixo, passar por humilhações de todas as espécies, sofrer horrores, para depois bem lá no futuro, se merecer é obvio, poderá ser bem sucedido na vida? 



Não sei. Posso estar errado, mais me parece que no Brasil há uma idéia de que ser pobre é ser escravo, ser humilde é ter que submeter a todo tipo de trabalho inferior. Vejo muitos senhores e senhoras como este homem, arrotando discursos como estes de que as pessoas são em sua maior parte preguiçosas e não querem saber de trabalhar, enquanto que eles desfrutam de riquezas muitas vezes de origens duvidosas. 



Muitas pessoas vão questionar: Poxa, mas eu trabalhei para conseguir o que eu tenho! Ok eu acredito, mas você conseguiu fazer uma faculdade, sua família lhe ajudou a se profissionalizar, você teve carro do ano, ou na pior das hipóteses você passou por cima de alguém, para estar na posição em que se encontra. 



Escrevo este texto, pois vivemos um momento de decepção em londrina, onde um homem, que aparentemente era um ¨humano direito¨ um ¨cidadão serio e de respeito¨, mostrou a sua verdadeira cara, e também a cara da sociedade. Uma sociedade hipócrita, que penaliza os pobres que muitas vezes são levados a praticar o crime, pela falta de oportunidade, enquanto endeusa os ricos, que muitas das vezes, são tão ou mais criminosos quanto qualquer outro, pois tira das pessoas o direito de ser igual. 

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