terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nota de condolência.

Nota de condolência.


O Transgrupo Marcela Prado e o Centro Paranaense da Cidadania (CEPAC), vêm a público prestar condolência a parentes e amigos das duas companheiras transexuais assassinadas barbaramente nesta madrugada do dia 21.

É aterrorizador perceber o pouco valor concedido a vidas em nosso país. Inúmeras companheiras travestis e transexuais, enquanto estão vivas, são brutalmente violentadas, tratadas como seres humanos de segunda categoria pelo simples fato de serem quem são. Na morte, não muito diferente, são assassinadas com tiros a queima roupa, por motivos, muitas das vezes, inexistentes. Vale refletirmos e questionarmos: “ será que existe motivo que justifique um assassinato?”.

Hoje, a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de Curitiba acordou com um “aperto” no coração, e permanecerá por tempos com um “nó” na garganta. Mirella Santos e Eduarda Rezende, duas meninas, jovens, bonitas, simpáticas, com um futuro pela frente, foram proibidas - como a maioria das pessoas trans no Brasil são - de viver, de caminhar, de sorrir, de desfrutarem daquilo que é concedido a todos e todas nós da mesma maneira, sem critérios de cor, raça, sexo, orientação sexual e identidade de gênero: a vida.
Até quando teremos que assistir a crimes brutais como esse? Até quando teremos que saber da crueldade cometida contra Eduardas e Mirellas dessa nossa nação que se diz tão plural, tão diversa? Até quando, depois da morte, teremos que ler jornais, revistas e sites publicando a morte de mais UM TRAVESTI FULANO DE TAL? Elas, que pagam seus impostos como qualquer pessoa, não têm sua identidade respeitada durante a vida e, lamentávelmente, nem na morte.
É com muita dor, tristeza e indignação, que o Transgrupo Marcela Prado terá que acompanhar mais um caso de assassinato afim de encontrar os culpados, que mais uma vez teremos de enterrar amigas que, por incrível que pareça, por mais contraditório que seja, têm seus órgãos doados pós-morte, e salvam vidas. Não podemos afirmar, mas muito provavelmente, preconceituosos, neo nazistas, fundamentalistas religiosos, não se negariam a aceitar um rim, uma córnea, um coração de uma travesti que, por vezes, foi condenada, demonizada, violentada e, por fim, infelizmente, morta.

Com muita tristeza,

Igor Francisco

Presidente – Centro Paranaense da Cidadania (CEPAC)



Carla Amaral

Presidente – Transgrupo Marcela Prado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário