sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eles entraram atirando: Violência policial contra jovens em Maringá

Anistia internacional no documento intitulado Brasil: Eles entram atirando: Polici-amento em comunidades so-cialmente alertou que os ex-cessos da policial nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo se repetem em diversas cida-des brasileiras.

Segundo o documento, a maioria das vítimas da vio-lência policial era constituída de jovens pobres, negros ou mestiços; muitos dos quais não possuíam antecedente criminal. Dos 17.900 jovens que foram assassinados pela polícia no ano 2002, 11.308 eram negros e pobres.

Em maio de 2005, uma pes-quisa realizada pela Univer-sidade Federal Fluminense demonstrou que 30% da po-pulação defendia a idéia de que “bandido bom é bandido morto”. Em abril de 2005, Marcelo Itagiba, então Secre-tário de Estado da Segurança Pública do Rio de Janeiro, declarou que: “Se a polícia fosse mais ativa mataria mais bandidos”.

Esse pano fundo, não difere da realidade de Maringá; on-de no dia 24 de Agosto de 2011, haverá júri popular para julgar os policiais que exe-cutam o menino Rodrigo Sa-les, morador do bairro Santa Felicidade.

O que fundamentou a “opera-ção policial” no dia 24 de A-bril de 2004, foi a acusação de que ele havia roubado a bolsa de uma pessoa; mas, a autoria do roubo jamais foi comprovada. Rodrigo, que passava por tratamento para livrar-se da dependência química, estava sozinho quando a polícia cercou sua residência. Desesperado e sem assistência de mãe que estava trabalhando fugiu, pu-lando de casa em casa, até chegar na penúltima residên-cia da rua, onde pediu para se esconder. Mas, logo após a polícia, invadiu o esconderijo.

Em depoimento, testemunhas e a senhora que o escondeu disseram que a “operação” envolveu mais de 15 policiais militares e que o menino es-tava apenas de calção, sem chinelos e que não portava nenhum tipo de arma.

Os policiais encontraram-no debaixo de uma cama, total-mente indefeso e sem qual-quer possibilidade de resistir à prisão. Mesmo assim, o e-xecutaram com 5 tiros a queima roupa. Outros tiros não o atingiram, mas, ficaram registrados nas paredes e nos móveis da casa.

Associação das Mães de Ví-timas da Violência: Justiça e Paz, possui as fotos de como ficou o corpo de Rodrigo Sa-les. Não é possível para qual-quer pai e mãe não ficar es-tarrecido com as imagens dessa execução.

Segundo a professora de di-reito penal Solange Paiva, que viu a cena do crime e tentou impedir que as evidências da execução fossem apagadas: “A casa ficou cheia de sangue; tinha marcas das mãos dele com sangue no teto e nas paredes. Cenas de ter-ror: dentes dele espalhados desde o quarto até a porta de entrada, pedaço da orelha, cérebro e do corpo; enfim a reprodução do que faziam com presos políticos no regi-me militar…”

“Ele era um dos meninos que já estavam marcados para morrer pela polícia de Marin-gá. Outros que morreram após ele, foram ‘intitulados’ de vitimas do tráfico”, afirma a mãe de Rodrigo. Todavia, as circunstâncias duvidosas da morte desses outros jovens serviram de desafio para a formação da ONG - Associa-ção das Mães de Vítimas da Violência: Justiça e Paz”.

A ONG recebe apoio de pa-rentes, amigos das vítimas e de indivíduos da sociedade que defendem a punição dos policiais que executaram o menino Rodrigo Sales com requintes de crueldade.

O Júri será no dia 24 de agos-to no Fórum Estadual de Ma-ringá - Avenida Tiradentes 380; com início às 8:30h e será aberto ao público.

Esta farda que com honra envergamos; Orgulhosos das missões consagradas; Repre-senta a paz que preserva-mos... - Trecho da canção 10 de Agosto que enaltece a Po-lícia Militar do Paraná.

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Maria Newnum é pedagoga e colu-nista do Jornal de Maringá.

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