sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CDH conclui cursos de formação


O CDH de Londrina realiza nesta sexta a noite e no sábado pela manhã  a ultima etapa de sua CAPACITAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: FORMANDO O SUJEITO DE DIREITOS NA REGIÃO SUL

 A programação contemplou até aqui:

 O que são Direitos Humanos – Direitos Humanos no Brasil um breve histórico - Comissão da Verdade 

A Defensoria Pública como instrumento de promoção e defesa dos direitos humanos

O ECA, aprendizes de cidadania e a perspectiva de uma nova sociedade

Diversidade sexual e Combate à Homofobia

Direitos ambientais  e ecológicos

E para esta ultima etapa, Políticas Educacionais e os direitos humanos, com o professor Arnaldo Vicente

Na sexta o curso começa as 18:30h na Rua Guararapes 191 e no sabado as 9h Rua  Arcindo Sardo 812, Jardim Império do Sol

Fone 96423441 ou 99481231

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Humanos Direitos?

Foto/CBN: O Ex-Prefeito Jose Joaquim Ribeiro (Sem Partido), saindo da sede do GAECO, depois de ter sido Preso em Santa Catarina, por receber propina em licitações de uniformes.


Por Almir Escatambulo

Acerca de dois anos, lembro-me de ter participado, junto com outros integrantes do CDH, de uma reunião com o então vice-prefeito de Homero Barbosa Neto, o senhor Jose Joaquim Ribeiro. Se não me falha a memória, o tema da  reunião era sobre o aumento da passagem de ônibus. 



A discussão foi intensa e prolongada, pois Ribeiro tinha uma posição fechada sobre o assunto, a passagem tinha que aumentar, pois havia muitos gastos e isto daria prejuízo as empresas de transporte. 



Na época, as planilhas de transporte estavam sob investigação, pois o vereador Joel Garcia (que até então era da situação), estava pleiteando uma CEI do transporte e queria que as planilhas fossem revisadas, pois em seu entendimento, havia algo de errado nas tarifas do transporte. 



Enfim. Não conseguimos chegar a solução nenhuma naquela reunião, e a passagem aumentou, mesmo sob protesto, dos movimentos sociais, que heroicamente sempre foram contra a estes absurdos aumentos. 



Lá pelas tantas, Ribeiro começou a nos questionar sobre o nosso entendimento acerca dos Direitos Humanos. Nós do CDH, sempre tivemos o consenso de que Direitos Humanos é simplesmente ter direitos, independente da situação em que nós nos encontramos, pois perante os dispositivos legais e as instituições políticas e jurídicas, todos nós, teoricamente somos iguais. 



Ribeiro disse que tinha um posicionamento diferenciado, ele entendia que direitos humanos, deveria ser dado para ¨humanos direitos¨, pois nem todas as pessoas mereciam a alcunha de ¨cidadãos¨. Enfim. aquela velha conversa que todos nós já estamos cansados e carecas de saber. 



Para exemplificar sua tese, o então vice-prefeito, contou uma historia de um garoto aprendiz, que estava trabalhando na prefeitura, segundo ele , simpatizou com o menino que era bonzinho e tinha ¨vontade de trabalhar¨ e resolveu dar uma ¨oportunidade a ele¨. 



O chamou para trabalhar lá em seu escritório na prefeitura, inicialmente varrendo o chão, depois com o passar do tempo, carregando documentos e depois como Ofice-Boy. E segundo o entendimento de nosso interlocutor, ele estava fazendo uma boa ação, pois estava tirando um jovem da marginalidade. E se porventura, o menino não ¨vencesse na vida¨ a culpa era única e exclusivamente dele, pois oportunidade não faltou. 



Lembro-me deste dialogo como se fosse ontem, e eu não estava sozinho, estava com outras pessoas, que podem afirmar o que eu falei aqui. 



Sempre desconfiei e desconfio deste tipo de discurso, pois o ser - humano é um animal dotado de potencia e talentos, e quando incentivado pode ir muito alem de seus limites. Porque o individuo para ser alguém, precisa começar lá de baixo, passar por humilhações de todas as espécies, sofrer horrores, para depois bem lá no futuro, se merecer é obvio, poderá ser bem sucedido na vida? 



Não sei. Posso estar errado, mais me parece que no Brasil há uma idéia de que ser pobre é ser escravo, ser humilde é ter que submeter a todo tipo de trabalho inferior. Vejo muitos senhores e senhoras como este homem, arrotando discursos como estes de que as pessoas são em sua maior parte preguiçosas e não querem saber de trabalhar, enquanto que eles desfrutam de riquezas muitas vezes de origens duvidosas. 



Muitas pessoas vão questionar: Poxa, mas eu trabalhei para conseguir o que eu tenho! Ok eu acredito, mas você conseguiu fazer uma faculdade, sua família lhe ajudou a se profissionalizar, você teve carro do ano, ou na pior das hipóteses você passou por cima de alguém, para estar na posição em que se encontra. 



Escrevo este texto, pois vivemos um momento de decepção em londrina, onde um homem, que aparentemente era um ¨humano direito¨ um ¨cidadão serio e de respeito¨, mostrou a sua verdadeira cara, e também a cara da sociedade. Uma sociedade hipócrita, que penaliza os pobres que muitas vezes são levados a praticar o crime, pela falta de oportunidade, enquanto endeusa os ricos, que muitas das vezes, são tão ou mais criminosos quanto qualquer outro, pois tira das pessoas o direito de ser igual. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


CAPACITAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
 

- O Centro de Direitos Humanos de Londrina está  promovendo  o Curso de Capacitação em Direitos Humanos: Formando o Sujeito de Direitos da Região Sul.
- Iniciado em 17/08/2012, teve  sua abertura realizada pelo Coordenador Geral da Instituição CARLOS ENRIQUE SANTANA que,  dando início à programação, discorreu sobre o histórico dos  Direitos Humanos no Brasil, como também seus conceitos, tendo como base o texto (DIREITOS HUMANOS-Tudo a ver com a nossa Vida!) de Paulo Cezar Carbonari.   
- No sábado (18/08/2012), o Defensor Público da União – CLAYTON DE SIQUEIRA GOMES  abordou o tema: A defensoria Pública como Instrumento de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos,

     Iniciou sua fala num processo dinâmico e interativo com os  participantes,  culminando com esclarecimentos sobre o papel da Defensoria Pública que é acolher o cidadão e a cidadã,  quando tem seus direitos violados.   
           Qualificou o direito de acesso à justiça como um direito prestacional  exercido pelo Poder Judiciário, o qual deve ser disponibilizado a todas as pessoas hipossuficientes ou seja, que não possuem condições de assumir os custos de um advogado, sem prejuízo de sua subsistência. Os parâmetros para aferir a hipossuficiência são arbitrados por cada Estado, através da renda familiar ou declaração de imposto de renda. 
            Na sequência, abordou a Declaração  Universal dos Direitos Humanos (1948), a qual é resultado de  acordo realizado entre países para a promoção da paz no mundo, redigida em conseqüência dos impactos gerados pelas atrocidades ocorridas na segunda guerra mundial. Este documento é o primeiro que expõe a todos os povos que o ser humano é portador de um direito natural - a dignidade,  simplesmente por ter nascido humano, não importando a sua condição.
         Em relação aos direitos da pessoa humana,  citou as dimensões do lema da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), conquistada através da Revolução Francesa, a saber:

·        Liberdade: política (direitos) – agir sem interferência do Estado;
·        Igualdade: direito prestacional – agir positivo do Estado em relação ao indivíduo. Eu preciso que o Estado aja, me protegendo em relação à saúde, educação, transporte etc.
·        Fraternidade – que eu tenha qualidade de vida, mas os demais também tenham esta mesma qualidade.

        Abordou a Constituição Federal Brasileira (1988), em especial os Artigos 5º ao 7º, como marcos que regulamentam os direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiros(as), a qual classifica o direito em três dimensões: individuais, coletivas e sociais.  Acrescentou que a Constituição, além da relação que estabelece com o Estado, tem a mesma força normativa nas relações entre os cidadãos e cidadãs.
                         
     No que se referem às formas de assistência prestadas pela Defensoria Pública, esclareceu como sendo de orientação  e postulação,  as quais podem se situar tanto em âmbito judicial,  como administrativo.  O trabalho de conciliação por meio da  gestão de conflitos também é uma das atividades exercidas pela Defensoria Pública. Pontuou que quando o indivíduo não tem seus direitos resguardados em seu País,  pode buscar a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

       Finalizando sua exposição, esclareceu sobre as competências de atuação dos seguintes órgãos:
  • Defensoria Pública da União: atua quando envolve órgão da administração pública federal, por exemplo: justiça eleitoral,  do trabalho, etc. Representa o cidadão e a cidadã contra órgãos e entidades da União como o INSS, INCRA, etc.
  •  A   Defensoria Pública do Estado: atua quando a lesão a direitos  envolver estado x indivíduo ou  dois particulares.               
  • Os Juizados Especiais Estaduais: atendem demandas particulares, enquanto os Juizados Especiais da Fazenda, atuam contra órgãos estatais.

    O tema foi muito importante e esclarecedor de muitas dúvidas dos participantes.  O próximo módulo será nos dias 24 e 25/08/2012  e versará sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA  (Aprendizes de Cidadania e a Perspectiva de uma nova Sociedade).

Cleuza Beluzo
Participante do Curso

quinta-feira, 16 de agosto de 2012






Deputados assinam recurso protelatório que pode pôr em risco a implementação do Plano Nacional de Educação,

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação apresenta abaixo lista dos 80 deputados que assinaram recurso protelatório ao Projeto de Lei 8035/2010, que trata do novo PNE (Plano Nacional de Educação). Caso seja aprovado o referido recurso, a implementação do PNE ficará ainda mais atrasada, o que retardará a elaboração dos consequentes planos estaduais e municipais de educação, prejudicando gravemente o direito à educação de milhões de brasileiros.
Em matéria da Agência Brasil, a SRI (Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República), articuladora do recurso, argumentou que uma lei tão importante quanto o PNE não pode ser analisada por “apenas 16 parlamentares” que compõem a Comissão Especial.
No entanto, a instalação de uma Comissão Especial para elaborar o novo PNE foi uma proposta do Governo Federal, questionada na época pela sociedade civil. O impasse levou à negociação de um acordo de tramitação, firmado entre a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o então Ministro da Educação, Fernando Haddad. O acordo foi integralmente cumprido.
Ademais, a composição da Comissão Especial do PL 8035/2010 reflete a representação de todas as forças partidárias da Câmara dos Deputados, composta por 52 parlamentares, sendo 26 titulares e 26 suplentes. Ou seja, a instância deliberativa não era formada por “apenas 16 deputados”, como informou erroneamente a SRI.
Foi após 20 meses de análise da matéria e da realização de inúmeras audiências públicas e estudos, que podem ser encontrados no site da Comissão Especial, que este grupo de trabalho parlamentar aprovou por unanimidade o patamar de 10% do PIB para a educação pública. Para tanto, inclusive, se reuniu com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 10 de abril de 2012.
Diante desses fatos, para o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, levar o projeto a plenário pode gerar modificações graves no PNE, amplamente analisado e debatido pela Comissão Especial, em diálogo com a sociedade civil e especialistas. “Levar o PNE ao plenário significa atrasar os rumos da educação, impor risco de prejuízo ao texto e retardar o direito à educação de milhões de familiares, estudantes e professores brasileiros. Correto seria debater o projeto no Senado Federal, deixando a tramitação avançar", disse.
Ontem (quinta-feira, 9/8), a Campanha divulgou nota alertando a sociedade brasileira sobre as manobras pelo adiamento. Notas com o mesmo teor também foram publicadas pelo FNE (Fórum Nacional de Educação), pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação) e pela Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).
Nenhum parlamentar do PCdoB, PSB, PSOL, PSDB, DEM, PPS, PV, PEN, PHS, PRP, PSL, PTC e PTdoB assinou o recurso protelatório. O partido que teve mais deputados que assinaram o recurso foi o PSD (28 parlamentares), seguido por PT (18), PMDB (10), PSC (6), PP (5), PDT (3), PR (3), PTB (3), PRB (2), PMN (1) e PRTB (1). Daniel lembra que o parlamentar que assinou o recurso ainda tem tempo de requerer a retirada de sua assinatura. “Essa é a melhor forma dos deputados não prejudicarem o andamento da educação pública brasileira e de não serem identificados como ‘adversários da educação’”, ressaltou.
Veja aqui dados e tabelas sobre o recurso. Conheça abaixo a lista dos parlamentares que assinaram o recurso protelatório que pode pôr em risco a implementação do PNE, em ordem alfabética de nome.
Deputado Partido UF
Ademir Camilo PSD MG
Afonso Hamm PP RS
Andre Vargas PT PR
Ângelo Agnolin PDT TO
Arlindo Chinaglia PT SP
Armando Vergílio PSD GO
Arolde de Oliveira PSD RJ
Átila Lins PSD AM
Benedita da Silva PT RJ
Bohn Gass PT RS
Carlos Magno PP RO
Carlos Souza PSD AM
Celso Maldaner PMDB SC
Costa Ferreira PSC MA
Danrlei de Deus Hinterholz PSD RS
Diego Andrade PSD MG
Dilceu Sperafico PP PR
Domingos Dutra PT MA
Edmar Arruda PSC PR
Elcione Barbalho PMDB PA
Eliseu Padilha PMDB RS
Erivelton Santana PSC BA
Fábio Faria PSD RN
Fátima Pelaes PMDB AP
Felipe Bornier PSD RJ
Fernando Ferro PT PE
Francisco Araújo PSD RR
George Hilton PRB MG
Geraldo Resende PMDB MS
Geraldo Simões PT BA
Giovanni Queiroz PDT PA
Guilherme Campos PSD SP
Guilherme Mussi PSD SP
Hélio Santos PSD MA
Homero Pereira PSD MT
Hugo Leal PSC RJ
Hugo Napoleão PSD PI
Janete Rocha Pietá PT SP
Jaqueline Roriz PMN DF
Jilmar Tatto PT SP
João Magalhães PMDB MG
José Carlos Araújo PSD BA
José de Filippi PT SP
José Mentor PT SP
Júlio Cesar PSD PI
Laercio Oliveira PR SE
Leonardo Gadelha PSC PB
Luciano Castro PR RR
Luiz Alberto PT BA
Manoel Salviano PSD CE
Márcio Macêdo PT SE
Marcon PT RS
Moreira Mendes PSD RO
Nazareno Fonteles PT PI
Nelson Marquezelli PTB SP
Nelson Meurer PP PR
Nelson Padovani PSC PR
Nilton Capixaba PTB RO
Onofre Santo Agostini PSD SC
Paulo Feijó PR RJ
Paulo Magalhães PSD BA
Pedro Chaves PMDB GO
Policarpo PT DF
Professor Victório Galli PMDB MT
Reinhold Stephanes PSD PR
Ricardo Archer PMDB MA
Ricardo Izar PSD SP
Roberto Balestra PP GO
Roberto Britto PP BA
Roberto Santiago PSD SP
Rogério Peninha Mendonça PMDB SC
Sérgio Barradas Carneiro PT BA
Sérgio Brito PSD BA
Sérgio Moraes PTB RS
Sibá Machado PT AC
Silas Câmara PSD AM
Vitor Paulo P RB RJ
Walter Tosta PSD MG
Zé Silva PDT MG

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Assembleia Ordinária COPED/PR – 02/07/2012


SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS
CONSELHO PERMANENTE DE DIREITOS HUMANOS - COPED

Ao segundo dia do mês de julho de 2012, no Palácio das Araucárias, Rua Jacy Loureiro de Campos s/n – Centro Cívico nesta Capital, às 9 horas da manhã, foi dado início à reunião plenária do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná. Fizeram-se presentes, conforme convocação prévia, os/as Conselheiros/as Governamentais: Elizabete Subtil de Oliveira (OAB-PR), Cláudio Marques Rolim e Silva (SESP), Isabel Kugler Mendes (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraná), Guilherme Silva Bednarczuk (SEJU), Marcos Bittencourt (Ministério Público-PR). Conselheiros/as da Sociedade Civil: Amauri Ferreira Lopes (ONG-AVIVER), Carlos Henrique Santana (Centro de Estudos Políticos Culturais Chê Guevara de Londrina), Clóvis Pereira (Associação dos Deficientes Visuais de Londrina e Região), Daraci Rosa dos Santos (Conselho Regional de Serviço Social), Eva dos Santos Coelho (Associação União e Consciência Negra de Maringá), Paulo Cezar Pedron (Instituto de Defesa dos Direitos Humanos), Layza Minelly (Grupo Esperança), Márcio da Silveira Marins (Dom da Terra), Maria de Lourdes de Souza (Associação Cultural Negritude e Ação Popular). Convidados/as e Colaboradores/as: Luci Aparecida Rocha Belão (PM-PR), Luis Antonio Rosa (ALEP), Douglas Sabatini Dabul. Justificaram suas ausências: Marcos Nogueira, por estar em reunião fechada com o Corregedor do Estado; Tiago Gagliano Pinto Alberto e José Antonio Peres Gediel, que estavam presentes na banca de avaliação de candidatos à doutorado, na Universidade Federal do Paraná.
Constatando o horário e o quorum, o Assessor Guilherme Silva Bednarczuk, do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná, declara aberta a sessão ordinária, explicando que o Secretário Executivo José Antônio Peres Gediel está em uma banca de avaliação de doutorado, e que por tal motivo não poderá conduzir a presente reunião. Guilherme passa a palavra para Márcio da Silveira Marins, que desde logo passa ao primeiro ponto de pauta, qual seja, a aprovação da ata da reunião do dia 04/06/2012. Ele questiona os conselheiros e conselheiras se já tiveram a oportunidade de lê-la. Como alguns conselheiros/as não tinham lido, a conselheira Maria de Lourdes (Santa) faz a leitura em voz alta. Feita a apreciação, a conselheira Layza Minelly faz uma correção, dizendo que os grupos LGBT não querem somente manter contato com a Polícia Militar, mas sim efetivamente participar das capacitações/formações de soldados, para que suas abordagens à população LGBT respeitem os direitos humanos. Márcio Marins comenta que gostaria de saber sobre o plano estadual LGBT, que foi comentado na parte da manhã, em que esteve ausente. Sem mais correções, passa-se aos informes, segundo ponto de pauta. Guilherme Bednarczuk informa que, a respeito do pedido de envio de ofícios àqueles conselheiros que estavam contabilizando muitas ausências, foram enviados somente para os/as conselheiros/as governamentais, visto que havia uma dúvida, por parte da Secretaria Executiva do conselho, a respeito de como funcionava o sistema de suplência da sociedade civil. A conselheira Layza Minelly esclarece que os conselheiros/as da sociedade civil são eleitos, e de acordo com a quantidade de votos que recebem, ficam ''classificados'' em uma lista. O conselheiro Carlos Enrique Santana começou a expôr, dizendo que tudo que tem de ser feito deve ser com base no Regimento Interno do Conselho. Inadvertidamente, foi interrompido por outra conselheira antes de concluir sua fala, e pediu para que tal fato constasse em ata. Continuando nos informes, Guilherme Bednarczuk noticia que houve uma reunião, referente ao caso da Ilha do Mel, comunidade da Ponta Oeste, e passa a palavra ao conselheiro Marcos Bittencourt Fowler, membro do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que passa a relatar o seguinte: uma reunião na 1ª Promotoria de Paranaguá foi feita, para se saber quais são as alternativas que a população local tem. Logo em seguida, foram à Secretaria do Patrimônio da União para discutir a situação, na medida em que a Ilha do Mel pertence à União, mas é gerenciada pelo Estado do Paraná. Por solicitação do MP-PR, tal Secretaria de Patrimônio da União vai realizar um levantamento da situação cadastral do registro de cada um dos moradores da ponta oeste, pois, de acordo com a fala dos próprios moradores, somente duas famílias estariam regularizadas. Ele relata também que a Secretaria de Estado da Cultura fez um levantamento, apontando que a comunidade já se encontra no local há mais de 200 anos, o que contradiz a versão do IAP, de que a permanência da comunidade é transitória. Além disso, o COPED terá de se posicionar a respeito do projeto de lei que irá modificar a forma como os moradores irão utilizar o seu espaço. Fica decidido que tal projeto será escaneado e enviado para o e-mail dos conselheiros/as para que possam formar opinião. O conselheiro Amauri Ferreira Lopes comenta que a Ilha se tornou um destino turístico cobiçado por estrangeiros, mas que quem mais sofre com esse fato são os moradores nativos da ilha. A conselheira Isabel Mendes gostaria de parabenizar o trabalho do MP-PR, e deixar registrado que não compareceu à reunião pois não foi avisada. O próximo informe se refere ao caso de racismo na UFPR, a respeito do qual ficou deliberado que o COPED enviaria um ofício à reitoria da universidade, pedindo explicações sobre as providências tomadas. Este conselho já recebeu uma resposta, que basicamente diz: uma reunião de diálogo e mediação entre as partes envolvidas (as estudantes Eliane e Kely e a professora Lígia Regina Klein) foi feita. Durante tal reunião, um pedido de desculpas, por parte da professora, foi feito e logo em seguida aceito, mas com um uma requisição: a de que ações de combate ao racismo fossem implementadas no interior da instituição. Dessa forma, as alunas finalizaram o processo de denúncia contra a professora Lígia Klein, objetivando iniciar um processo coletivo de debate e informação no Setor de Educação, e também na Universidade de forma geral. Seguindo nos informes, o conselheiro Carlos Santana afirma que houve uma reunião convocada pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, na cidade de Londrina, sobre a questão carcerária, mas que não foi convidado. Também traz a informação de que acampados da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) estão passando necessidades, devido à falta de assistência que já tinha sido prometido pelo poder público local. Seguindo, a conselheira Isabel Mendes faz um apelo para que sejam disponibilizadas vagas de estacionamento para aqueles membros do conselho que têm carro, pois diz que há dificuldade de estacionar em outro local que seja perto da sede da Secretaria. Comenta também que recebeu denúncias sobre a atuação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que supostamente teriam torturado três pessoas, dentro das próprias dependências da instituição. Além desse caso, houve também uma denúncia a respeito da violência com que os agentes se valeram para cumprir um mandado de busca na casa de vereadores. O conselheiro Carlos Santana diz que há que se verificar se houve, primeiramente, um mandado judicial, e posteriormente, abuso no momento do cumprimento de tal mandado. O conselheiro Marcos Bittencourt Fowler salienta a necessidade de que tal denúncia seja reduzida a termo e seja pormenorizada, como condição essencial para que alguma providência por parte da Ouvidoria do Ministério Público, ou da Corregedoria, possa ser tomada. A conselheira Santa informa que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a violência contra mulheres, realizou audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, no dia 29/06, e que tal audiência foi de grande importância para a conscientização da gravidade do problema, já que o Paraná é o Estado que tem o terceiro maior índice de agressões de gêncero. Como último informe, o conselheiro Márcio Marins avisa que vai se afastar temporariamente do Conselho, pois pretende se dedicar à campanha eleitoral. Ele ressalta que, por lei, não teria essa obrigação, mas em respeito aos outros conselheiros, decidiu se licenciar. Fica decidido então que Márcio da Silveira Marins irá ceder seu lugar a outro conselheiro/a suplente, sem prejuízo de seu direito de voltar a seu posto futuramente. Mudando de assunto, o conselheiro Paulo César Pedron sugere que seja feita uma reunião conjunta com todos os Conselhos de Direitos (tais como: Conselho do Idoso; da Pessoa com Deficiência; da Criança e do Adolescente), como forma de integração de ações adotadas. A conselheira Daraci Rosa dá a sugestão de que tal reunião não seja feita no mesmo dia da reunião do COPED, pois serão pautas distintas e também objetivos diferentes. Na sequência, a conselheira Santa solicita que seja feito, a todos/as os/as integrantes do conselho, um certificado que comprove que são realmente conselheiros/as e que desempenharam as respectivas funções durante o mandato. A proposta é aprovada. O próximo ponto de pauta foi solicitado por Carlos Enrique Santana, e versa a respeito da saúde de servidores públicos estaduais, que, segundo ele, sofrem de doenças mentais. Ele relata que acompanhou um servidor do sistema penitenciário à uma perícia médica, e se surpreendeu pois quem realizava a perícia era um cardiologista, que não dispõe de formação básica na área, dentre outros casos similares. O conselheiro Márcio Marins diz que tal problema seria diretamente enfrentado na reunião de conselhos de direitos, aproveitando-se da integração, como forma de melhor lidar com os problemas que envolvem diversas áreas que são abrangidas pelos conselhos. Guilherme Silva esclarece que, para que a denúncia possa ser encaminhada para os órgãos responsáveis, ela precisa ser reduzida a termo, e enviada para o e-mail do COPED, ao que o conselheiro Carlos se compromete a enviá-la. O conselheiro Paulo Pedron levanta a possibilidade de se fazer uma audiência pública, convocada pelo COPED, sobre tal tema, ocasião em que se reuniriam sindicatos de servidores, conselho estadual de saúde, e demais autoridades que debateriam o assunto. Seguindo a pauta, a respeito da interiorização das reuniões do Conselho, o assessor Guilherme Silva afirma que um memorando já foi enviado para a Diretoria Geral da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, que ficou de avaliar a viabilidade da proposta. O conselheiro Márcio Marins afirma que o orçamento já estava aprovado, e que o calendário também já tinha sido aprovado. Novamente, os conselheiros ressaltam a importância das reuniões interiorizadas: longe da capital, há uma grande distância do poder central, e a presença dos conselheiros poderia mitigar tal fato; o desconhecimento do COPED em grande parte do estado; a grande quantidade de denúncias gestadas no interior; etc. Em relação à falta de conhecimento do Conselho de Direitos Humanos no interior do estado, o conselheiro Clóvis Pereira diz que até mesmo juízes e promotores, pessoas que lidam diariamente com a temática de crimes e ameaças, não têm conhecimento do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Estado (PROVITA) e Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM), ambos programas importantíssimos. Ele sugere que seja enviado um ofício à todas as comarcas do estado, informando acerca da existência e objetivos do projeto. O próximo ponto de pauta foi sugerido por Carlos Enrique Santana e versa sobre os recentes acontecimentos no país vizinho, o Paraguai. Ele relata que houve um ''golpe disfarçado'', e que isso também pode ocorrer no Brasil. Propõe, então, que o COPED faça uma moção de respeito aos direitos humanos na região paraguaia. O conselheiro Marcos Fowler comenta que o âmbito de atuação do COPED é tão-somente o território do estado do Paraná, e que estaríamos propondo algo para o qual não temos competência. O conselheiro Márcio Marins sugere que seja enviado um ofício para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e para o Ministério das Relações Exteriores, com um posicionamento deste Conselho. A sugestão de Márcio Marins é aceita pelo pleno do conselho. O último ponto de pauta foi incluído a pedido da conselheira Eva dos Santos, que traz uma denúncia. Ela relata que a situação do Centro de Socioeducação (CENSE) de Maringá é complicada pois há uma falta crônica de funcionários, situação esta que se agravou com o suicídio de uma jovem dentro do Centro. A respeito do tema, fica decidido pelo Conselho que um documento que autoriza uma visita oficial em nome do COPED será feito e entregue aos conselheiros residentes na cidade de Maringá, para que possam verificar in loco a situação; além de um ofício para a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, para informações. Também, o conselheiro Carlos Santana salienta que os conselheiros/as devem acompanhar com afinco o andar do inquérito policial sobre o caso, e cobrar as providências cabíveis. Agradecendo a presença de todos os conselheiros e conselheiras, o assessor Guilherme Silva Bednarczuk dá por encerrada a reunião.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CDHC vai verificar se há represálias à atividade sindical na PM

A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa vai encaminhar ofício ao Comando da Polícia Militar comunicando o interesse em acompanhar as audiências do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado contra o presidente da Associação dos Praças do Estado do Paraná, Orélio Fontana Neto. Ele está sendo acusado de ter causado prejuízos à imagem da Corporação ao postar uma nota oficial no site da entidade sobre a regulamentação do subsídio previsto na Emenda Constitucional nº 29, aprovada em junho pela Assembleia Legislativa.
O representante dos policiais militares está sendo investigado por, supostamente, infringir o artigo 166 do Código Penal Militar. A publicação da nota, em 4 de abril, antes de o governo encaminhar projeto à Assembleia Legislativa, foi entendida pelo Comando da PM como "crítica pública" à corporação e desrespeito aos princípios de hierarquia e disciplina.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Tadeu Veneri (PT), o IPM pode configurar uma represália à atividade sindical do presidente da Apra. O deputado observa que a nota da entidade apenas tinha o objetivo de informar aos associados sobre o trâmite da proposta de regulamentação da Emenda e as iniciativas feitas para obter informações junto ao governo do Estado. "Nós vamos verificar se o IPM não é apenas uma tentativa de intimidação dos policiais que discutem os problemas da corporação, exercendo seu legítimo direito de manifestação", disse Veneri. (Site Tadeu Veneri)

domingo, 29 de julho de 2012

Reunião ordinária do mês de agosto no CDH

       O Centro de Direitos Humanos de Londrina,convoca aos militantes e coordenadores de comissões para reunião ordinária mensal.
 
Data:04 de agosto de 2012.
Horário: 14:00 hs
Local: Sede do CDH-Londrina/Rua: Guararapes,191.
 
Pauta: Informes
         Conselho Municipal de Saúde
         Curso de direitos humanos
         Grito dos Excluídos
         Comissões especiais/busca de recursos e defensoria pública.
 
*Novas pautas para a próxima reunião apresentar até dia 02 de agosto de 2012,no E-mail ces-pt@hotmail.com.
 
*Gostariamos de como em todas as reuniões,pedir aos participantes que levem bolos doces e refrigerantes para compartilhar ao final da reunião.
  
 
 
                                       Carlos Enrique Santana
                                            Coordenador

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Governo deixou Defensoria Pública à míngua em 2011

A análise das contas do governo do Paraná de 2011 mostrou que o governo tucano não tem compromisso com a melhoria do acesso à Justiça pela população. A avaliação é do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Veneri (PT), ao tomar conhecimento do desempenho do governo na área, sobretudo no que diz respeito aos investimentos na Defensoria Pública, que já tinha um orçamento pequeno e cuja execução ficou menor ainda.
Conforme os dados do parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o governo investiu apenas 50,91% dos recursos previstos no Plano Plurianual, que era de R$ 7,3 milhões. Foram gastos R$ 3, 7 milhões, o que levou o relator das contas, conselheiro Hermas Brandão, a classificar como "insatisfatória" a execução orçamentária da Defensoria. Autor de um pedido de informações, ainda não respondido, sob os investimentos do governo na Defensoria, Veneri observou que, neste ritmo, a população carente continuará sem assistência jurídica, ainda que a Defensoria tenha sido regulamentada em 2011.
Outro dado do relatório do TCE destacado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos é o baixo desempenho do governo na área do sistema penitenciário. "Grande parte das metas físicas não foram executadas ou foram executadas de forma insuficiente", concluiu o relator, citando que o governo cumpriu apenas 16,61% do orçamento do Fundo Penitenciário. Não foi atingida nenhuma das três metas previstas no Plano de Metas do Governo para o Sistema Penitenciário: abertura de seis mil vagas no sistema, redução de 20% no índice de reincidência e monitoramento de 5.000 pessoas no regime semiaberto e aberto.
A falta de atuação do governo nessa área pode ser constatada nas visitas que a Comissão de Direitos Humanos tem feito às delegacias e penitenciárias, observou Veneri. Ele destacou as recomendações feitas pelo TCE: realização de investimentos significativos nas áreas de Segurança Pública, Sistema Peniten¬ciário e Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social, órgão respon¬sável pela coordenação estadual das Políticas Públicas de Assistência Social, de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Sistema de Atendimento Socioeducativo.

Site do Tadeu Veneri

terça-feira, 17 de julho de 2012

As mentiras paraguaias das elites brasileiras

por João Pedro Stedile 

O maior conflito do Paraguai é reaver a terra usurpada por fazendeiros brasileiros. O país vizinho "cedeu" a estrangeiros 25% do seu território cultivável

Mal havia terminado o golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo e flamantes porta-vozes da burguesia brasileira saíram em coro a defender os golpistas.

Seus argumentos eram os mesmos da corrupta oligarquia paraguaia, repetidos também de forma articulada por outros direitistas em todo continente. O impeachment, apesar de tão rápido, teria sido legal. Não importa se os motivos alegados eram verdadeiros ou justos.

Foram repetidos surrados argumentos paranoicos da Guerra Fria: "O Paraguai foi salvo de uma guerra civil" ou "o Paraguai foi salvo do terrorismo dos sem-terra".

Se a sociedade paraguaia estivesse dividida e armada, certamente os defensores do presidente Lugo não aceitariam pacificamente o golpe.

Curuguaty, que resultou em sete policiais e 11 sem-terra assassinados, não foi um conflito de terra tradicional. Sem que ninguém dos dois lados estivesse disposto, houve uma matança indiscriminada, claramente planejada para criar uma comoção nacional. Há indícios de que foi uma emboscada armada pela direita paraguaia para culpar o governo.

Foi o conflito o principal argumento utilizado para depor o presidente. Se esse critério fosse utilizado em todos os países latino-americanos, FHC seria deposto pelo massacre de Carajás. Ou o governador Alckmin pelo caso Pinheirinho.

O Paraguai é o país do mundo de maior concentração da terra. De seus 40 milhões de hectares, 31.086.893 ha são de propriedade privada. Os outros 9 milhões são ainda terras públicas no Chaco, região de baixa fertilidade e incidência de água.

Apenas 2% dos proprietários são donos de 85% de todas as terras. Entre os grandes proprietários de terras no Paraguai, os fazendeiros estrangeiros são donos de 7.889.128 hectares, 25% das fazendas.

Não há paralelo no mundo: um país que tenha "cedido" pacificamente para estrangeiros 25% de seu território cultivável. Dessa área total dos estrangeiros, 4,8 milhões de hectares pertencem brasileiros.

Na base da estrutura fundiária, há 350 mil famílias, em sua maioria pequenos camponeses e médios proprietários. Cerca de cem mil famílias são sem-terra.

O governo reconhece que desde a ditadura Stroessner (1954-1989) foram entregues a fazendeiros locais e estrangeiros ao redor de 10 milhões de hectares de terras públicas, de forma ilegal e corrupta. E é sobre essas terras que os movimentos camponeses do Paraguai exigem a revisão.

Segundo o censo paraguaio, em 2002 existiam 120 mil brasileiros no país sem cidadania. Desses, 2.000 grandes fazendeiros controlam áreas superiores a mil ha e se dedicam a produzir soja e algodão para empresas transnacionais como Monsanto, Syngenta, Dupont, Cargill, Bungue...

Há ainda um setor importante de médios proprietários, e um grande número de sem-terra brasileiros vivem como trabalhadores por lá. São esses brasileiros pobres que a imprensa e a sociologia rural apelidaram de "brasiguaios".

O conflito maior é da sociedade paraguaia e dos camponeses paraguaios: reaver os 4,8 milhões de hectares usurpados pelos fazendeiros brasileiros. Daí a solidariedade de classe que os demais ruralistas brasileiros manifestaram imediatamente contra o governo Lugo e a favor de seus colegas usurpadores.

O mais engraçado é que as elites brasileiras nunca reclamaram de, em função de o Senado paraguaio sempre barrar todas as indicações de nomes durante os quatro anos do governo Lugo, a embaixada no Brasil ter ficado sem mandatário durante todo esse período.

JOÃO PEDRO STEDILE, 58, economista, é integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e da Via Campesina Brasil

Folha de São Paulo, 17.07.2012


CARTA MAIOR

Estados Unidos, Venezuela e Paraguai

A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela. A questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.

1. Não há como entender as peripécias da política sul-americana sem levar em conta a política dos Estados Unidos para a América do Sul. Os Estados Unidos ainda são o principal ator político na América do Sul e pela descrição de seus objetivos devemos começar.

2. Na América do Sul, o objetivo estratégico central dos Estados Unidos, que apesar do seu enfraquecimento continuam sendo a maior potência política, militar, econômica e cultural do mundo, é incorporar todos os países da região à sua economia. Esta incorporação econômica leva, necessariamente, a um alinhamento político dos países mais fracos com os Estados Unidos nas negociações e nas crises internacionais.

3. O instrumento tático norte-americano para atingir este objetivo consiste em promover a adoção legal pelos países da América do Sul de normas de liberalização a mais ampla do comércio, das finanças e investimentos, dos serviços e de “proteção” à propriedade intelectual através da negociação de acordos em nível regional e bilateral.

4. Este é um objetivo estratégico histórico e permanente. Uma de suas primeiras manifestações ocorreu em 1889 na I Conferência Internacional Americana, que se realizou em Washington, quando os EUA, já então a primeira potência industrial do mundo, propuseram a negociação de um acordo de livre comércio nas Américas e a adoção, por todos os países da região, de uma mesma moeda, o dólar.

5. Outros momentos desta estratégia foram o acordo de livre comércio EUA-Canadá; o NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte, incluindo além do Canadá, o México); a proposta de criação de uma Área de Livre Comércio das Américas - ALCA e, finalmente, os acordos bilaterais com o Chile, Peru, Colômbia e com os países da América Central.

6. Neste contexto hemisférico, o principal objetivo norte-americano é incorporar o Brasil e a Argentina, que são as duas principais economias industriais da América do Sul, a este grande “conjunto” de áreas de livre comércio bilaterais, onde as regras relativas ao movimento de capitais, aos investimentos estrangeiros, aos serviços, às compras governamentais, à propriedade intelectual, à defesa comercial, às relações entre investidores estrangeiros e Estados seriam não somente as mesmas como permitiriam a plena liberdade de ação para as megaempresas multinacionais e reduziria ao mínimo a capacidade dos Estados nacionais para promover o desenvolvimento, ainda que capitalista, de suas sociedades e de proteger e desenvolver suas empresas (e capitais nacionais) e sua força de trabalho.

7. A existência do Mercosul, cuja premissa é a preferência em seus mercados às empresas (nacionais ou estrangeiras) instaladas nos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai em relação às empresas que se encontram fora desse território e que procura se expandir na tentativa de construir uma área econômica comum, é incompatível com objetivo norte-americano de liberalização geral do comércio de bens, de serviços, de capitais etc que beneficia as suas megaempresas, naturalmente muitíssimo mais poderosas do que as empresas sul-americanas.

8. De outro lado, um objetivo (político e econômico) vital para os Estados Unidos é assegurar o suprimento de energia para sua economia, pois importam 11 milhões de barris diários de petróleo sendo que 20% provêm do Golfo Pérsico, área de extraordinária instabilidade, turbulência e conflito.

9. As empresas americanas foram responsáveis pelo desenvolvimento do setor petrolífero na Venezuela a partir da década de 1920. De um lado, a Venezuela tradicionalmente fornecia petróleo aos Estados Unidos e, de outro lado, importava os equipamentos para a indústria de petróleo e os bens de consumo para sua população, inclusive alimentos. 

10. Com a eleição de Hugo Chávez, em 1998, suas decisões de reorientar a política externa (econômica e política) da Venezuela em direção à América do Sul (i.e. principal, mas não exclusivamente ao Brasil), assim como de construir a infraestrutura e diversificar a economia agrícola e industrial do país viriam a romper a profunda dependência da Venezuela em relação aos Estados Unidos.

11. Esta decisão venezuelana, que atingiu frontalmente o objetivo estratégico da política exterior americana de garantir o acesso a fontes de energia, próximas e seguras, se tornou ainda mais importante no momento em que a Venezuela passou a ser o maior país do mundo em reservas de petróleo e em que a situação do Oriente Próximo é cada vez mais volátil. 

12. Desde então desencadeou-se uma campanha mundial e regional de mídia contra o Presidente Chávez e a Venezuela, procurando demonizá-lo e caracterizá-lo como ditador, autoritário, inimigo da liberdade de imprensa, populista, demagogo etc. A Venezuela, segundo a mídia, não seria uma democracia e para isto criaram uma “teoria” segundo a qual ainda que um presidente tenha sido eleito democraticamente, ele, ao não “governar democraticamente”, seria um ditador e, portanto, poderia ser derrubado. Aliás, o golpe já havia sido tentado em 2002 e os primeiros lideres a reconhecer o “governo” que emergiu desse golpe na Venezuela foram George Walker Bush e José María Aznar.

13. À medida que o Presidente Chávez começou a diversificar suas exportações de petróleo, notadamente para a China, substituiu a Rússia no suprimento energético de Cuba e passou a apoiar governos progressistas eleitos democraticamente, como os da Bolívia e do Equador, empenhados em enfrentar as oligarquias da riqueza e do poder, os ataques redobraram orquestrados em toda a mídia da região (e do mundo).

14. Isto apesar de não haver dúvida sobre a legitimidade democrática do Presidente Chávez que, desde 1998, disputou doze eleições, que foram todas consideradas livres e legítimas por observadores internacionais, inclusive o Centro Carter, a ONU e a OEA. 

15. Em 2001, a Venezuela apresentou, pela primeira vez, sua candidatura ao Mercosul. Em 2006, após o término das negociações técnicas, o Protocolo de adesão da Venezuela foi assinado pelos Presidentes Chávez, Lula, Kirchner, Tabaré e Nicanor Duarte, do Paraguai, membro do Partido Colorado. Começou então o processo de aprovação do ingresso da Venezuela pelos Congressos dos quatro países, sob cerrada campanha da imprensa conservadora, agora preocupada com o “futuro” do Mercosul que, sob a influência de Chávez, poderia, segundo ela, “prejudicar” as negociações internacionais do bloco etc. Aquela mesma imprensa que rotineiramente criticava o Mercosul e que advogava a celebração de acordos de livre comércio com os Estados Unidos, com a União Européia etc, se possível até de forma bilateral, e que considerava a existência do Mercosul um entrave à plena inserção dos países do bloco na economia mundial, passou a se preocupar com a “sobrevivência” do bloco.

16. Aprovado pelos Congressos da Argentina, do Brasil, do Uruguai e da Venezuela, o ingresso da Venezuela passou a depender da aprovação do Senado paraguaio, dominado pelos partidos conservadores representantes das oligarquias rurais e do “comércio informal”, que passou a exercer um poder de veto, influenciado em parte pela sua oposição permanente ao Presidente Fernando Lugo, contra quem tentou 23 processos de “impeachment” desde a sua posse em 2008.

17. O ingresso da Venezuela no Mercosul teria quatro consequências: dificultar a “remoção” do Presidente Chávez através de um golpe de Estado; impedir a eventual reincorporação da Venezuela e de seu enorme potencial econômico e energético à economia americana; fortalecer o Mercosul e torná-lo ainda mais atraente à adesão dos demais países da América do Sul; dificultar o projeto americano permanente de criação de uma área de livre comércio na América Latina, agora pela eventual “fusão” dos acordos bilaterais de comércio, de que o acordo da Aliança do Pacifico é um exemplo.

18. Assim, a recusa do Senado paraguaio em aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul tornou-se questão estratégica fundamental para a política norte americana na América do Sul.

19. Os líderes políticos do Partido Colorado, que esteve no poder no Paraguai durante sessenta anos, até a eleição de Lugo, e os do Partido Liberal, que participava do governo Lugo, certamente avaliaram que as sanções contra o Paraguai em decorrência do impedimento de Lugo, seriam principalmente políticas, e não econômicas, limitando-se a não poder o Paraguai participar de reuniões de Presidentes e de Ministros do bloco. 

Feita esta avaliação, desfecharam o golpe. Primeiro, o Partido Liberal deixou o governo e aliou-se aos Colorados e à União Nacional dos Cidadãos Éticos - UNACE e aprovaram, a toque de caixa, em uma sessão, uma resolução que consagrou um rito super-sumário de “impeachment”. 

Assim, ignoraram o Artigo 17 da Constituição paraguaia que determina que “no processo penal, ou em qualquer outro do qual possa derivar pena ou sanção, toda pessoa tem direito a dispor das cópias, meios e prazos indispensáveis para apresentação de sua defesa, e a poder oferecer, praticar, controlar e impugnar provas”, e o artigo 16 que afirma que o direito de defesa das pessoas é inviolável. 

20. Em 2003, o processo de impedimento contra o Presidente Macchi, que não foi aprovado, levou cerca de 3 meses enquanto o processo contra Fernando Lugo foi iniciado e encerrado em cerca de 36 horas. O pedido de revisão de constitucionalidade apresentado pelo Presidente Lugo junto à Corte Suprema de Justiça do Paraguai sequer foi examinado, tendo sido rejeitado in limine. 

21. O processo de impedimento do Presidente Fernando Lugo foi considerado golpe por todos os Estados da América do Sul e de acordo com o Compromisso Democrático do Mercosul o Paraguai foi suspenso da Unasur e do Mercosul, sem que os neogolpistas manifestassem qualquer consideração pelas gestões dos Chanceleres da UNASUR, que receberam, aliás, com arrogância.

22. Em consequência da suspensão paraguaia, foi possível e legal para os governos da Argentina, do Brasil e do Uruguai aprovarem o ingresso da Venezuela no Mercosul a partir de 31 de julho próximo. Acontecimento que nem os neogolpistas nem seus admiradores mais fervorosos - EUA, Espanha, Vaticano, Alemanha, os primeiros a reconhecer o governo ilegal de Franco - parecem ter previsto.

23. Diante desta evolução inesperada, toda a imprensa conservadora dos três países, e a do Paraguai, e os líderes e partidos conservadores da região, partiram em socorro dos neogolpistas com toda sorte de argumentos, proclamando a ilegalidade da suspensão do Paraguai (e, portanto, afirmando a legalidade do golpe) e a inclusão da Venezuela, já que a suspensão do Paraguai teria sido ilegal.

24. Agora, o Paraguai procura obter uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul sobre a legalidade de sua suspensão do Mercosul enquanto, no Brasil, o líder do PSDB anuncia que recorrerá à justiça brasileira sobre a legalidade da suspensão do Paraguai e do ingresso da Venezuela.

25. A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela. 

26. Na realidade, a questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul e de seu futuro como região soberana e desenvolvida.