Ontem, dia 12 de Fevereiro de 2011, militantes de direitos humanos, como do Centro de Direitos Humanos de Londrina e Movimento de Direitos Humanos Paraná, estiveram no calçadão de Londrina. O que faziam ali?
Londrina, uma cidade de pouco mais de 500 mil habitantes, solo de massapé, localizada no sul do país, um município com uma mistura tão linda de gente, gente que veio de Minas Gerais, gente que veio do Estado de São Paulo, gente que veio do Japão, local que já foi povoado por inúmeras guerreiras e guerreiros Kaingang, que muitas vezes hoje caminham pela ruas do município solicitando alguma ajuda para sobreviver . Uma descendente destE tão belo povo Kaingang se encontra presa, uma mulher que reagiu a violência doméstica e que ganhou como recompensa por esta reação a prisão entre pessoas que não tem os seus costumes e nem sua língua falam. Esta senhora indígena precisaria de uma defensor(a) público, se ele ou ela existissem.
Assim como esta senhora que está encarcerada sem muito acesso a Justiça, que muitas vezes é injusta, temos tantos e tantos casos, com o de jovens espancados no terminal urbano, moradores(as) de bairros sendo vítimas de violência policial, mães e pais que não conseguem colocar suas crianças em um centro de educação infantil, porque simplesmente não existem. Medicamentos, e médicos(as) faltam para atender a população londrinense, pessoas moram nas ruas, pessoas não são tratadas como gente ...
E ser tratada como gente é um princípio do direito humano.
Militantes de direitos humanos estavam no calçadão de Londrina em uma manhã de sábado. E não estavam sós, estavam sindicalistas, advogados(as), professores(as), psicóloga(0), agentes de saúde, pessoas ligadas ao movimento estudantil, etc. Estavam na luta pela Defensoria Pública no Estado do Paraná.
Estavam em um Ato Público realizado pelo Comitê Prol Defensoria Pública no Estado do Paraná. Órgão que precisa ser criado e estruturado em nosso Estado, o projeto de Lei precisa passar em segunda e terceira votação, e aprovada pelo governador atual Beto Richa.
Foram distribuídos aproximadamente 10 mil panfletos explicando o que é uma Defensoria Pública, quase 700 assinaturas foram colhidas em três horas de presença de membros(as) e colaboradores(as) do comitê no calçadão. As pessoas passavam, algumas nem olhavam, outras paravam, conversavam e assinavam. Foi uma manhã bonita, tempo bom, tempo de militância política nas ruas, tempo de fazer política, política pelos direitos humanos.
Muitas pessoas que passaram no calçadão de Londrina sabem neste momento o que não sabiam antes. NO Paraná, não existe Defensoria Pública, quem não tem renda, não consegue pagar um(a) advogado(a), não tem acesso a justiça. Portanto o acesso a Justiça é um direito humano que está sendo desrespeitado em nosso Estado, o que leva a tantos outros desrespeitos de direitos que também não são cumpridos, como por exemplo a falta de medicamentos e profissionais de saúde para atender a população , onde um(a) defensor(a) poderia atuar nos direitos coletivos.
Enquanto acontecia o ato, um ovo foi jogado de cima de um prédio. Caiu e sujou um folha de abaixo-assinado, um braço de uma companheira, e até um carrinho de uma criança foi atingido. Quem jogou este ovo? UM PRÉDIO LOCALIZADO NO CALÇADÃO DE LONDRINA, PROXIMO A PEDRA DA MORALIDADE PÚBLICA. Quem são as pessoas que moram neste edifício? Quem é a pessoa que não sabe dialogar, que age sem medir as conseqüências? E se houvesse uma criança no carrinho? Quem jogou o ovo, manchou uma folha de abaixo-assinado, manchou o chão do calçadão, mas manchou muito mais a imagem dos(as) moradores(as) deste edifício. Pois não sabemos quem foi, mas sabemos que alguém ali não quer que a violência nos bairros diminua, que quer prisões superlotadas( calderão fervendo), que não se importa de pessoas morrerem por falta de atendimento médico, enfim, quem jogou o ovo, não gosta de direitos humanos, é uma pessoa violenta, violência esta que ficou expressa em um ovo jogado do alto do edifício em professores(as),sindicalistas, psicólogos(a), etc. O ovo acertou uma jovem militante de direitos humanos, uma jovem que está no 5º ano de direito da PUC, uma jovem que sempre tem buscado o melhor para a população londrinense, uma jovem que é um exemplo de vida, uma menina extremamente estudiosa, uma futura , quem sabe, defensora pública, e atitudes como esta, injustas, são e serão combatidas . Quem jogou o ovo não sabe que a sujeira que fez talvez esteja em sua própria casa, em sua própria mente , possivelmente alguém que precise de direitos humanos, até para se ver como membro da coletividade humana e respeitar esta coletividade humana.
Nas ruas de Londrina, no calçadão deste município, direitos humanos são construídos, o local onde foi realizada esta ação é palco das mais diferentes manifestações, a PEDRA DA MORALIDADE lá está, símbolo que as pessoas não são bobas, que quando conhecem seus direitos, lutam por eles, e a Defensoria Pública é um direito, e mais pessoas neste momento sabem deste direito, e o Comitê continuará suas atividades, indo mais vezes ao calçadão, organizando, conscientizando que direitos humanos se vive, se conquista, se defende.
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