sexta-feira, 24 de junho de 2011

10º JORNADA DE AGROECOLOGIA






O Centro de Direitos Humanos mais uma vez esteve presente em um momento muito único em Londrina, na marcha que inaugurou a 10ª Jornada de Agroecologia na tarde de 22 de junho de 2011. Carlos Henrique Santana esteve na marcha e também contribuiu para que a mesma acontecesse, afirma: "Vani, isto é muito importangte para mim, é muito caro, falar em agroecologia, é falar em vida, nossas vidas, é falar em saúde da população brasileira".
A marcha simboliza em Londrina o acordar de uma consciência política de transformação. Mais de quatro mil pessoas saíram às ruas de Londrina (PR) , iniciando um debate que agrega trabalhadores do campo, ONGs, estudantes e pesquisadores (as) para a troca de experiências e a consolidação de um modelo de agricultura que preserve a vida na sua totalidade.
Londrina, uma cidade que nasce da monocultura, que está localizada em uma região de cultivo da cana e da soja, uma região DE INTENSOS CONFLITOS AGRÁRIOS . Por 4 dias serão debatidos por meio de oficinas, seminários, mesas redondas, nas dependências da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o que seria uma sociedade mais saudável, livre dos agrotóxicos, o que certamente preocupa o agronegócio.
Esta população que está aqui é uma população resistente, que se recusa a utilizar agrotóxicos e se concentra na produção de alimentos orgânicos, Um povo que dispensa o envenenamento próprio, da sua família e da sociedade, exercendo o seu papel de agente histórico na transformação da sociedade, que não pensa só no dinheiro, que coloca a vida em primeiro lugar que preserva assim a própria existência.
O MST, movimento ímpar na luta da classe trabalhadora, está de parabéns por mais esta ação concreta de formação , da união entre teoria e prática. E enquanto Centro de Direitos Humanos aprendemos muito com esta população aguerrida do MST e com outros companheiros e companheiras que colocam a sua vida a favor da coletividade humana.

"Cuidado com as sementes" - Poesia de Ademar Bogo

Tudo o que existe no mundo
Desde o animal até a gente
Não poderia ter nascido
Se não fosse uma semente.
Ela é que origina tudo
Faz a vida continuar
Por isso é que é preciso
Da boa semente cuidar.

Desde os tempos mais antigos
Que se conhece a cultura
A semente que alimenta
Inventou a agricultura.
Assim o povo viveu
Fazendo o plantio na terra
E pra garantir a espécie
Muita gente até fez guerra.

A semente e o fogo
Eram duas preciosidades
Quem controlasse as duas coisas
Tinha superioridade.
Hoje as coisas não mudaram
Muito pra diferenciar
Quem controla estas duas coisas
Tem o poder de mandar.

Vejam se não é verdade
Com tanto conhecimento
Tem gente que está querendo
Mudar a semente por dentro.
O petróleo virou fogo
Incendiando o mundo inteiro
Se continuar assim
O mundo vira o braseiro.

Com tanta modernidade
Deram então de inventar
Veneno de todo tipo
Para nas roça jogar.
Matando tudo o que é inseto
Sem ter preocupação
Como se o homem quisesse
Combater a criação.

Atacam de dia e de noite
Todas as espécies de vida
Até a água dos riachos
Está sendo poluída.
Não dá sequer pra beber
Chega até dar calafrios
Porque tem gente falando
Que vão prizatizar os rios!

Se a água for vendida
Pras empresas do exterior
Nós vamos morrer de sede
Pertinho do bebedor.
Até os animais do mato
Com sua experiência imensa
Para poder beber água
Vão ter que pedir licença.

Mas o pior disto tudo
Ocorrerá na semente
Dizem que vão botar nelas
Alguns pedaços da gente.
Já imaginaram se o homem
No milho a fala botar
E quando ele for pra roça
Ouvir a plantação xingar!

Isto já está acontecendo
Não é brincadeira não
Dizem que já tem arroz
Com gosto de camarão.
É tanta coisa absurda
Que tudo vai ser mudado
Daqui a pouco o feijão
Já é colhido temperado!

Estas invenções faladas
Que ferem crentes e ateus
É que as empresas malvadas
Deram pra brincar de Deus.
Vão misturar as espécies
Numa salada total
Daqui a pouco não se sabe
Se é animal ou vegetal!

E se fizerem ás pessoas
Com pedaços de animais
Já imaginaram que encrenca
Vão enfrentar os casais?
De noite no quarto escuro
Se a mulher ouvir um latido
E olhar debaixo da cama
O cachorro de seu marido.

Vai ter coração de boi
Batendo em peito de gente
Veias de bodes nas pernas
Pra ficar mais resistente.
Agora, o que preocupa
Se neste ritual louco
Junto com o órgão for
Também o espírito do porco.

Se começar a nascer chifres
Vai ser um gesto polêmico
Ninguém sabe se é traição
Ou se é um produto transgênico!
De qualquer forma é um perigo
Essas mudanças atoa
Porque não usam a ciência
Para fazer coisas boas?

Isto tudo é muito sério
Pra não dizer comovente
Porque vão botar veneno
No miolo da semente.
Ela germina drogada
Que é pra ser mais resistente
Crescerá contaminada
Esta planta diferente.

E quando chegar a colheita
Será a vez de ir pro mercado
Vender a droga produzida
Pra alguém especializado.
Pois mudará a cultura
Não terá mais comerciante
Porque quem droga circula
Só pode ser traficante!

E o lugar de comprar drogas
Não será tão diferente
Vão continuar expostas
Nas bancas do Shopping Center.
Isto é o que irá acontecer
Neste país brasileiro
Simplesmente por deixar
Entrar o invasor estrangeiro.

As empresas vão tomar
Do povo o conhecimento
Vão querer ganhar dinheiro
Sem nenhum constrangimento.
Só irão querer produzir
Com hábito interesseiro
Aquilo que lhes servir
Pra poder ganhar dinheiro.

Mas quem manteve até aqui
As sementes preservadas
Foram os que produziram
Sem venenos e com enxadas.
Por isso é que se deve
Reforçar esta amizade
E declarar a sementes
Direito da humanidade.

É uma luta muita grande
Que tem que levar a sério
Para que a agricultura
Não vire num cemitério.
Onde a vida vai embora
E só fica no lugar
Um lajedo seco e duro
Que nada dá pra plantar.

Portanto agricultores
Preservemos esta fatia
Porque quem perde a semente
Perde a soberania.
Se da semente vem tudo
Devemos ficar contentes
Porque seremos o escudo
Para os nossos descendentes.

Alertar os governantes
E todos os trabalhadores
E dizer que carecemos
De sementes de valores.
Se nossos antepassados
Nos legaram esta riqueza
Não deixemos as empresas
Emporcalharem a natureza.

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